Depois de ter a prisão preventiva decretada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, encaminhou à Câmara Legislativa do DF, o anúncio de afastamento para que o vice-governador Paulo Octavio assuma o governo. Na mensagem enviada à Câmara e entregue pelo secretário de governo Flávio Giussani, Arruda diz que a decisão da Justiça é "imprópria e absurda". Ele disse ser vítima de uma "série de armadilhas para impedir sua participação nas eleições de 2010". No documento, Arruda diz que ficará afastado do cargo enquanto perdurar a "medida coercitiva".
"Diante da gravidade dos fatos, peço licença do cargo de governador do Distrito Federal pelo tempo que perdurar esta medida coercitiva, para não transferir a Brasília e à sua população a agressão que fazem contra mim e ao cargo que legitimamente exerço, eleito que fui pelo voto popular", diz a carta, lida pelo deputado Raimundo Ribeiro (PSDB), primeiro secretário da Mesa Diretora da Câmara.
Na mensagem, o governador diz que seus advogados estiveram ontem (10) no STJ para manifestar sua disposição de prestar esclarecimentos "para pôr fim a esta série de armadilhas, armações, flagrantes pré-fabricados, denúncias politicamente bem elaboradas para não apenas impedir a minha participação nas eleições de 2010, mas agora também com o objetivo de me destruir política e pessoalmente".
"Estou consciente de que desarmei uma quadrilha que se locupletava de dinheiro público há muitos anos, e que agora volta-se contra mim de maneira torpe para confundir a opinião pública, confundir as autoridades e tramar a minha saída do Executivo, como se isso tivesse o poder de esconder as falcatruas que durante tantos anos praticaram impunemente", diz a mensagem.
Arruda, que se entregou à PF, está reunido neste momento com o diretor geral da instituição, Luiz Fernando Corrêa, mais dois diretores da PF, seus advogados e o secretário de Segurança Pública do DF, Valmir Lemos de Oliveira.
Tecnicamente, o governador ainda não está preso. O mandado de prisão do STJ ainda não chegou à Polícia Federal. Quando for preso, o governador ficará em uma Sala de Estado Maior – isolado, mas sem grades.
De acordo com o assessor de imprensa do governador, André Duda, o governador recebeu com "serenidade" a decisão do STJ e se encaminhou à sede da PF assim que soube da decisão.
Segundo o assessor, a PF teria oferecido outro local para que o governador se apresentasse, mas ele preferiu ir até a superintendência da instituição.
"Arruda está fora [do governo] até que seja resolvida esta situação. Quando houver um habeas corpus, ele volta", disse o assessor.