O governador Mauro Mendes (DEM), que admitiu ser, particularmente, contra o fechamento precoce do comércio, criticou duramente o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB) pela flexibilização das medidas de distanciamento social justamente no momento em que há uma escalada de casos do novo Coronavírus na Capital. Na opinião do governador, há “incoerência” do prefeito em permitir, por exemplo, a reabertura de shoppings centers a partir de amanhã.
“Eu queria que o prefeito explicasse qual é a lógica. Quando tinha um caso só, ele mandou fechar tudo, Agora que tem mais de 700 casos ele manda abrir tudo. Tem uma incoerência de comportamento, análise e raciocínio aí”, disse Mauro Mendes, ontem, em entrevista coletiva.
Hoje de manhã, em entrevista para a Rádio Mega FM de Cuiabá, o prefeito Emanuel Pinheiro rebateu as críticas dizendo que se pautou por conselhos de especialistas do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele disse que se a situação está controlada atualmente é porque tomou as “rédeas” desde o início da pandemia.
“Eu me pautei pelas experiências exitosas. Não improvisamos e nem trabalhamos com achismo. Jamais seremos levianos com a saúde da população. Deus me livre de ver a população morrendo nas portas dos hospitais. Agora o governador prega que está errado, mas se hoje temos 700 e poucos casos é porque tomamos medidas necessárias. Com certeza estaríamos numa situação muito mais perigosa se não estivemos agido”, respondeu Pinheiro.
A briga entre Mauro Mendes e Emanuel Pinheiro é antiga e se acentuou nos últimos dias depois que a prefeitura de Cuiabá não habilitou 40 leitos de UTIs para atendimento exclusivo de pacientes da Covid-19 e o governador fez críticas abertas à conduta adotada mesmo após o Município ter recebido R$ 42 milhões para habilitar os leitos. O prefeito, por sua vez, diz que Mauro Mendes age politicamente tentando conturbar as eleições municipais de outubro.
Ontem, o governador Mauro Mendes negou a intenção política e disse que as acusações de Emanuel Pinheiro são para desviar o foco da saúde. “É lamentável porque uma hora eles falam uma coisa, colocam um número aqui, outro documento ali, o prefeito fala uma coisa, o secretário fala outra e o documento fala outra coisa. E está farto de documentos. Eu não quero discutir conversa fiada. O que eu quero saber é o seguinte: o que a prefeitura fez com os R$ 42 milhões e qual leito novo de UTI que ele criou em Cuiabá?”,, questionou Mauro Mendes.
“O Estado diz, objetivamente: em março deste ano nós tínhamos 40 UTIs nas mãos do Estado de Mato Grosso. Hoje nós abrimos mais 50 UTIs novas na Santa Casa, mais 30 UTIs novas no Hospital Metropolitano e vamos abrir mais 30. O Estado de Mato Grosso, em Cuiabá e Várzea Grande, em pouco mais de 90 dias, vai abrir 110 leitos novos, além daqueles que já existiam”, completou.