O ministro da Agricultura, Neri Geller (PMDB), declarou que não teme as investigações da Polícia Federal que culminaram na operação “Terra Prometida” sobre a venda de áreas públicas destinadas à reforma agrária na região de Itanhangá (350 quilômetros de Cuiabá). Os irmãos dele, Odacir e Milton Geller, foram detidos durante a ação da PF, na semana passada, acusados de integrarem o esquema criminoso.
Ele alega que não vê nenhum motivo para deixar o posto. "Por que entregaria o cargo? Seria sinal de fraqueza. Não tenho motivo. Quem não deve não teme. Não mendiguei e não mendigo para ser ministro. Cheguei com a força do trabalho. Tenho a confiança do setor, do meu partido e da presidente Dilma", disse, hoje, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
Durante as investigações, uma testemunha apontaria uma possível ligação do ministro com o caso e também pressionado o superintendente do Incra a regularizar as terras. Geller nega que tenha feito qualquer tipo de pressão e envolvimento com o fato.
A Polícia Federal fez questão de divulgar uma nota afirmando que o ministro não é investigado neste caso. O prejuízo aos cofres públicos pode alcançar R$ 1 bilhão. A investigação apurou que o grupo criminoso, formado por fazendeiros, empresários e grupos do agronegócio, procurava obter uma verdadeira “reconcentração fundiária” de terras da União que haviam sido destinadas à reforma agrária. Com ações ardilosas, uso da força física e até de armas, compravam a baixo preço ou invadiam essas áreas.
Sobre o envolvimento de seus irmão, Geller disse que não acredita no envolvimento deles também com o fato. “Se tiveram problema, a polícia tem que investigar. Eles são maiores de idade, e eles que respondam. Eu tenho muito orgulho da minha família".
A reportagem da Folha acredita que a operação pode antecipar a saída de Geller do ministério. A presidente Dilma Rousseff (PT) já havia feito o convite para que a senadora Kátia Abreu (PMDB) assumisse a pasta na próxima gestão e a mesma aceitou o convite.