Na lista dos poucos representantes do agronegócio Que conseguiram ser eleitos em outubro para atuar no Congresso Nacional em nome de Mato Grosso, Neri Geller (PP) é contra a taxação do setor. Para o deputado federal eleito, antes de cobrar mais impostos, o governo do Estado precisa enxugar gastos e dar mais eficiência à aplicação dos recursos que já arrecada.
Em entrevista à reportagem de A Gazeta, Neri Geller defendeu que taxar o agro inviabilizaria o setor. O argumento foi o mesmo apresentado por outros representantes dessa atividade econômica que estiveram na Assembleia Legislativa nesta semana, debatendo as duas propostas já apresentadas.
A primeira delas cria uma alíquota de 3%, semelhante a que é paga pelos pecuaristas. A outra repete um modelo já adotado em Mato Grosso do Sul e que limita a exportação. De acordo com ela, 50% do que é produzido teria que ser destinado ao mercado interno, onde o ICMS é cobrado.
“Mato Grosso é o único Estado que cresce a receita de forma acelerada. Isso acontece por causa da produção. Tributar, taxar é matar o que está dando certo. Não é uma boa saída. É uma decisão que não pode ser ideológica e nem política, tem que ser técnica”, disse Geller, que defende que a Lei Kandir seja revista para que o Estado receba uma compensação maior através do Auxílio Financeiro de Fomento das Exportações (FEX).
Ex-ministro da Agricultura, Neri Geller também falou sobre sua prisão no início de novembro, durante a Operação Capitu, um desdobramento da Lava Jato que apura supostos pagamentos de propina a parlamentares e servidores da Pasta.
O deputado eleito foi acusado de ter recebido um “mensalinho” de R$ 250 mil pago pela JBS. Segundo a Polícia Federal, quando sucedeu Antônio Andrade (atual vice-governador de Minas Gerais) como ministro da Agricultura, em março de 2014, Geller recebeu os pagamentos para favorecer ilegalmente a empresa. Em 2017, documentos relacionados ao esquema vieram à tona.
O parlamentar disse ter ficado chocado com a prisão, medida que, em sua avaliação, não tinha argumentos plausíveis. “Não critico a Polícia Federal ou a Justiça. Eles estão fazendo um bom trabalho. Tem muita coisa que tem que ser investigada e eu não tenho problema em ser investigado. O problema foi a forma que foi feito. Não precisava ter me prendido”.
Geller sustentou inocência. Disse que nunca se envolveu em nenhum esquema e que os principais delatores da Lava Jato afirmaram em seus depoimentos que ele não participou dos crimes. “Todos dizem que as ações comigo sempre foram muito republicanas”.