O ex-prefeito de Cuiabá, Chico Galindo (PTB)confirmou recebeu as pessoas envolvidas em fraude na previdência denunciadas pela Operação Miqueias, sem ter consciência de que se tratava de um esquema, e que atendeu em audiência como tantos outros requisitam. No entanto, negou qualquer envolvimento no esquema após relatório da Polícia Federal que o aponta como suspeito, e acrescenta que todos os trâmites burocráticos foram seguidos e que as mudanças não foram instauradas pela negativa do Conselho Fiscal do Instituto de Previdência Social dos Servidores de Cuiabá (Cuiabá-Prev), que apontou que os fundos de investimentos possuíam poucas cotas e eram recentes.
Matéria veiculada pelo O Globo aponta que o ex-prefeito Chico Galindo, consta em relatório da Polícia Federal, por suposto envolvimento com a quadrilha que fraudava fundos de previdência municipais. Conforme a matéria, o documento da PF, cita gravações com autorização judicial, em agosto do ano passado, em que são narrados encontros que Galindo teria com integrantes da quadrilha. Na época, Galindo ainda era prefeito e a PF destaca que pode ter tentado beneficiar os integrantes da quadrilha comandada pelo doleiro Fayed Traboulsi.
Galindo nega qualquer envolvimento no esquema e afirma que a Polícia Federal sequer o convocou para prestar depoimento, o que comprova que não possui ligações com a quadrilha. No entanto, a reportagem alega que a decisão judicial que deflagrou na Operação Miqueias, esta semana, autorizou que o ex-prefeito fosse conduzido coercitivamente para prestar depoimento.
A reportagem segue destacando que nas conversas gravadas, os integrantes da quadrilha, discutiam o processo de suposta cooptação do então prefeito. Luciane Hoepers, é apontada na investigação como integrante da quadrilha e esteve em Cuiabá para encontro com o prefeito, segundo a PF, e relatou o resultado ao doleiro Fayed: – Conversei com o prefeito. Ele quer fazer. Só que ele foi viajar para o Chile – diz Luciane, na gravação.
Conforme as gravações, Luciane relata que o presidente do instituto de previdência municipal passou a cuidar do caso de maneira burocrática e foi preciso recorrer a um secretário municipal, cujo nome não é revelado. O relatório da PF, afirma que após três dias da última conversa entre os integrantes da quadrilha, houve reunião do Conselho Fiscal do Cuiabá-Prev, e a ata registra que, o prefeito tinha um pedido pessoal para alteração do perfil de investimentos do fundo no valor de R$21 milhões, que deveriam ser destinadas aos fundos Eslovênia, Vitória-régia e Elo.
O mesmo relatório informa que o Conselho rejeitou a proposta, tendo em vista que os fundos recomendados pelo prefeito eram recentes e tinham pouquíssimos cotistas. Segundo a PF, a quadrilha oferecia às prefeituras nomes de fundos de investimento para aplicação dos recursos que tinham títulos inflados e acabavam gerando prejuízo.
O ex-prefeito ressalta que recebeu em audiência, sem saber que se tratava de uma quadrilha, como recebeu diversos empresários e outros setores. "Aconteceu de uma pessoa como tantas outras, marcar audiência com o prefeito e ele atendeu. Fizeram uma proposta que parecia vantajosa para o Cuiabá-prev, o prefeito manda para Secretaria, e a Secretaria convocou o Conselho e o Conselho disse que não era bom investimento, e o prefeito não acatou", explicou.
Galindo garante estar tranquilo e que não possui envolvimento em absolutamente nada. "Os que fizeram serão enquadrados, mas estou tranquilo, porque não estou envolvido em absolutamente nada. Só fico triste por quererem sujar o nome de um homem sério", disse.
O ex-prefeito também garante que não imaginava que se tratava de uma quadrilha, e que parecia um bom negócio, mas como o Conselho recusou, entendeu que não deveria ser. "A policia federal não entrou em contato comigo, poderia ter vindo aqui, mas penso eu, que documentos provaram que não aceitei, porque não aceitaria, não faríamos, como prefeito eu atendi e mandei para a Secretaria fazer a burocracia, e não aceitamos", prosseguiu.
Para Galindo, a veiculação da matéria traz prejuízo por que a manchete aponta seu envolvimento, mas que no conteúdo se vê que não houve seu envolvimento. "Não teve nenhuma mudança em aplicação, o Conselho disse não, então não. Não sei quem é, se passar na frente, não sei quem é, de tantas outros que fizeram audiência comigo, empresários, atendemos muitas pessoas. Não fiz nada, simplesmente recebi uma pessoa que pediu uma audiência", concluiu.