O filho e o ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), Rodrigo da Cunha Barbosa e Silvio Cézar Corrêa Araújo, respectivamente, firmaram acordo de colaboração premiada e devem delatar crimes envolvendo o alto escalão do Poder Público de Mato Grosso. Ambos tiveram suas delações homologadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, no mesmo procedimento de Silval.
Trechos da delação do ex-governador já divulgados por veículos nacionais no começo deste mês apontam que ele revelou em detalhes como funcionava um esquema de corrupção no Estado entre 2003 e 2011, períodos dos governos Blairo Maggi e Silval. Agora, a própria defesa da família Barbosa, confirma em documentos protocolados nas ações penais da Operação Sodoma, que Rodrigo e Silvio também firmaram acordos de colaboração.
A confirmação da colaboração consta em ofícios feitos pelos advogados Délio Lins e Silva Junior e Victor Alípio Borges, pedindo nova intimação dos acusados para as alegações finais no processo que corre na 7ª Vara Criminal, oriundo da 2ª fase da Operação Sodoma.
Assim como a delação de Silval, os depoimentos de Rodrigo e Silvio também ficarão em sigilo, resultando em reclamação dos próprios advogados do trio. “Nem mesmo a defesa ficou de posse do referido acordo, considerando que para a elaboração das alegações finais faz-se necessário que a cópia do acordo venha oficialmente aos autos”, diz trecho da petição.
A defesa pede ainda que a juíza Selma Arruda, da Vara Criminal, requeira à Procuradoria Geral da Republica e/ou ao STF para que seja remetido o acordo de colaboração “no sentido de que tanto a defesa possa melhor apresentar as alegações finais, como este respeitável juízo possa também ter conhecimento dos limites do referido acordo em sua respectiva sentença”.
Como a colaboração se dá no âmbito do STF, o filho e o ex-assessor do governador também devem apontar crimes envolvendo agentes públicos que teriam foro privilegiado. No entanto, não se sabe se os crimes teriam relação com os que são acusados nas ações penais da Operação Sodoma, que resultou na prisão de Silval, Silvio e Rodrigo por determinação da juíza Selma Rosane Santos Arruda.
Rodrigo é acusado de ter recebido em torno de R$ 400 mil de propina da empresa Webtech Softwares e Serviços, do empresário Júlio Tisuji, no esquema que exigia propina a empresários para a concessão de contratos com o Estado e incentivos fiscais, além de crimes de lavagem, desvio de dinheiro e fraudes a licitações.
Médico e empresário, Rodrigo é o único que ainda não confessou os crimes imputados a ele pelo Ministério Público Estadual (MPE). Já Silvio sempre foi apontado pelo MPE e por outros delatores e testemunhas em ações da Sodoma como o braço direito de Silval nos esquemas comandados pelo ex-governador.