O ex-vice-governador Carlos Fávaro (PSD) saberia de todo o esquema de Caixa 2 de campanha que envolveu a candidatura do ex-governador Pedro Taques (PSDB) em 2014. Pelo menos é o que revela o ex-secretário de Educação Permínio Pinto (PSDB) em sua delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a qual A Gazeta teve acesso.
De acordo com o delator, Carlos Fávaro teria levado ao então governador da época Pedro Taques, uma proposta de um empresário, que queria utilizar o dinheiro devolvido da JBS em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para quitar as dívidas de campanha via Caixa 2.
“Fávaro teria dito que um empresário lhe deu a ideia para que eles se aproveitassem de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com a JBS/Friboi para que a empresa pagasse as dívidas de campanha”, diz trecho do termo 5 da delação.
Ainda segundo Permínio Pinto, Fávaro teria procurado Pedro Taques para falar da sugestão. Porém, Permínio diz que Fávaro lhe teria dito que o governador negou a ideia, “não sabendo dizer se não fez ou se fez”.
O referido TAC entre o governo de Mato Grosso ocorreu em dezembro de 2015 e resultou na devolução de R$ 360 milhões ao Estado, em troca de que a empresa do irmãos Batistas (Wesley e Joesley) fosse excluída como partes da ação de improbidade que teria bloqueado R$ 73,5 milhões do envolvidos.
Permínio afirma que, antes, em abril de 2015, se reuniu com Fávaro, que já era vicegovernador e confirmou que a campanha eleitoral teria ficado em R$ 35 milhões, e não R$ 29 milhões como foi declarado à justiça eleitoral. “Carlos Fávaro disse ao declarante que o empresário Alan Malouf era responsável pelas doações de campanha e captação de empresários para apoiar a candidatura”, disse Permínio.
Logo após a deflagração da Operação Rêmora em maio de 2016 e da sua saída da Seduc, o delator teria sido procurado por vários membros do governo Taques, entre ele o então vice-governador Carlos Fávaro. Em um jantar na casa do próprio Fávaro, Permínio o teria gravado através de um celular, já que estava com medo de ser ameaçado e coagido pela cúpula do governo.
Um ex-procurador da República, que prende o comendador Arcanjo não pode se expor tanto, O que parece é que os modus operandi do governo atual é idêntico do governo passado”, teria dito Fávaro, mostrando sua indignação. A frase estaria entre 53 e 56 minutos da gravação feita pelo delator.