Na decisão da juíza Selma Rosane Santos Arruda que decretou a prisão preventiva do ex-secretário de Administração e ex-presidente da OAB-MT, Francisco Faiad, consta que ele enquanto ocupou o cargo de secretário do Estado, além de ter integrado a organização criminosa chefiada pelo então governador Silval Barbosa (PMDB) auxiliando na arrecadação de propina, também desviou R$ 916,8 mil. O valor, segundo as investigações da Polícia Civil, teria sido destinado para formação de caixa 2 campanha eleitoral do grupo político de Silval em 2014, ocasião em que Faiad disputou uma vaga de deputado estadual.
Nas eleições daquele ano, Faid disputou uma cadeira na Assembleia Legislativa de Mato Grosso pela coligação Amor a Nossa Gente II composta pelo PT, PMDB, PR, PC do B e Pros. Ele obteve 10.042 votos ocupando a quarta suplência da coligação. A prisão de Francisco Faiad e mais 4 pessoas foi cumprida na 5ª fase da Operação Sodoma deflagrada nesta terça-feira (14) pela Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz).
Nessa fase da Sodoma a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual investigam o desvio de R$ 8,1 milhões dos cofres publicos para favorecer a organização criminosa, cuja chefia é atribuída ao ex-governador Silval Barbosa. Ele está preso no Centro de Custódia de Cuiabá desde setembro de 2015 e teve um novo mandado de prisão cumprido na 5ª fase da Sodoma. Foi o 5º decreto prisional contra o ex-chefe do Executivo Estadual, todos autorizados pela juíza Selma Rosane.
Francisco Faiad exerceu o cargo de secretário estadual de Administração entre 13 de janeiro e 31 de dezembro de 2013. Nas eleições de 2012 ele concorreu ao cargo de vice-prefeito de Cuiabá na chapa encabeçada por Lúdio Cabral (PT). A coligação tinha o apoio do então governador Silval Barbosa e foi derrotada nas urnas pelo empresário Mauro Mendes (PSB).
Conforme a decisão da juíza Selma Rosane, após a derrota nas urnas restou um saldo de dívidas de R$ 1,7 milhão apenas com a empresa Marmeleiro Auto Posto que naquela época era fornecedora de combustíveis ao governo do Estado e já efetuava pagamento de propina na SAD/MT. Tanto Lúdio Cabral quanto o diretório Estadual do PT negaram que a dívida de campanha tenha sido paga com dinheiro de propina. Em nota, afirmaram que as dívidas foram declaras à Justiça Eleitoral e quitadas pelo partido.
Consta nos autos que nomeação de Faiad em substituição a César Roberto Zílio na SAD se deu para que ele garantisse a continuidade da arrecadação de propina para a organização criminosa. De acordo com as investigações, Faiad passou a integrar a organização criminosa exatamente para lograr êxito no pagamento devido ao Posto Marmeleiro uma vez que vinha sendo pressionado pelos empresários Juliano Volpato e Edésio Corrêa a efetuar a quitação de débito.
Foi ele que possibilitou o pagamento desta dívida por meio do mecanismo fraudulento da Secretaria de Transportes, e assim, livrou da obrigação, tanto a si, quanto ao coligado Lúdio Cabral.
“Os desvios destinados ao pagamento da dívida de campanha ocorreram entre fevereiro e agosto de 2013. Porém, Francisco Anis Faiad, entre setembro e novembro de 2013, desviou outros R$ 916. 875,00 (novecentos e dezesseis mil oitocentos e setenta e cinco reais), dinheiro que foi destinado a formação de CAIXA 2 da futura campanha eleitoral do grupo político de Silval Barbosa no ano de 2014, quando concorreu ao cargo de deputado Estadual, alcançando a posição de suplente”, consta em trecho da decisão.