O ex-vereador e ex-deputado estadual, Francisco da Silva Leite foi preso em flagrante, na tarde de ontem, pela Polícia Federal, em Cáceres. Acusado de estelionato, extorsão e formação de quadrilha, Da Silva como é conhecido, foi preso no interior de sua residência, no bairro Vila Mariana. Além dele, mais 5 pessoas, segundo a Polícia Federal, integrantes do bando, também foram presas.
Liderados por Da Silva, o grupo agia em nome da Associação Mato-grossense de Defesa dos Direitos Autorais (AMDDA), autuando e multando comerciantes e empresas ligadas a área de comunicação e entretenimento, através de cibers, em todo o município.
A PF ainda não concluiu os levantamentos para saber ao certo o número de pessoas lesadas e o valor arrecadado pelo grupo durante o tempo de atuação em Cáceres. O delegado federal Márcio Virgílio de Farias, até no final da tarde de ontem, não havia concluído os depoimentos dos envolvidos. Adiantou, no entanto, que além dos crimes de formação de quadrilha, extorsão e estelionato, o bando também pode ser autuado por usurpação de função pública e uso indevido de distintivo federal. Maiores detalhes sobre a fraude serão repassados na manhã de hoje.
Após o flagrante, conforme a PF, o grupo seria recambiado, ainda ontem, para a cadeia pública do município. Apesar da insistência dos jornalistas, Da Silva não pode ser ouvido porque, conforme os agentes que participaram da operação, ele ainda não havia sido interrogado.
Momentos após a prisão da quadrilha, várias pessoas supostamente lesadas, compareceram a sede da Polícia Federal. Um dos comerciantes, Marcelo Braga Alencar, proprietário do “Ciber Point”, apresentou cópia de um cheque no valor de R$ 312,00 entregue a Da Silva, como pagamento de uma multa. Segundo Alencar, Da Silva o teria penalizado alegando que as máquinas do “Ciber Point” eram piratas. Alencar lembrou ainda que, dias depois Da Silva havia telefonado dizendo que ele seria multado novamente. E, que dessa vez, a multa seria de 5 vezes o valor de cada máquina. Oportunidade em que propôs uma visita à delegacia do AMDDA, instalada em sua residência para “acertar” a multa.
Considerado polêmico, é a segunda vez que Francisco da Silva Leite é preso na região de Cáceres. Em 1993 ele foi preso pela Polícia Militar por envolvimento em tráfico de drogas. Passou dois meses recolhido na Cadeia Pública de Vila Bela da Santíssima Trindade. Liberado afirmou que teria sido vítima de armação por um grupo de policiais militares, que segundo ele, estaria inconformado com comentários feitos por ele em um programa de televisão, sobre a atuação da PM na região.
Goiano, Francisco da Silva Leite ingressou na política em Cáceres, na década de 90. Elegeu-se vereador no município nas eleições de 98. A partir daí só acumulou derrotas. Foi candidato a deputado estadual em duas oportunidades. E, pelo menos, uma vez candidato a prefeito. Como suplente de deputado, Da Silva, chegou a assumir uma cadeira na Assembléia Legislativa, em abril de 2003, na vaga cedida pelo então deputado Eliene Lima (PSB).
Permaneceu apenas 30 dias. Descumpriu um acordo de bancada Lima exigiu a sua saída imediatamente. Como candidato a prefeito de Cáceres, pelo PSB, em 2004, Da Silva obteve 5.150 votos perdendo para Ricardo Henry e Túlio Fontes. Candidato a deputado estadual em 2006, pelo PMDB, teve a pífia votação de 3.784 votos.