O ex-deputado José Riva tinha conhecimento de todas as fraudes que ocorriam com a chamada verba de suprimento em seu gabinete. Além disso, para dificultar o rastreio deste dinheiro, fazia pagamentos de todas as suas despesas em dinheiro. As duas informações constam em depoimentos prestados por servidores e ex-servidores aos promotores e delegados do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que deflagrou a operação Célula Mãe. Por conta do ‘esquecimento’ de uma ex-servidora, que havia sido orientada a destruir o controle, usado pelo ex-parlamentar para impedir desvios dos próprios funcionários do gabinete, mas preferiu entregar o material ao Gaeco.
Entre os documentos, que já fazem parte do processo, estão dezenas de recibos, notas fiscais e ofícios dos mais variados, com pedidos de apoio e patrocínio para eventos em todo o Estado. Para atender esta demanda, Riva teria desviado a verba de suprimento, com a apresentação de notas fiscais falsas, e criado um controle interno.
“O deputado José Geraldo Riva sabia de tudo isso, tanto que muitas vezes estava presente nesses eventos acima mencionados e recebia as pessoas que lá iam receber as benesses”, conta um ex-servidor. Para o Gaeco, o ex-parlamentar criou uma gigantesca máquina de compra de votos permanente, usando para isso dinheiro público.
Além de controlar os recursos desviados da verba de suprimentos, que, conforme revelado pelo Jornal A Gazeta, além de bancar pedidos de eleitores, servia para o pagamento de um “mensalinho” a dezenas de políticos do interior de Mato Grosso, Riva utilizava este dinheiro para o custeio de suas despesas pessoais. O mesmo servidor contou um detalhe que chamou a atenção do Gaeco. “O ex-deputado Riva viajava muito de avião, mais de 14 ou 15 horas semanais, e o viu em várias oportunidades passar dinheiro vivo para o piloto da aeronave abastecer. Que Riva sempre pagava as despesas com hotéis e refeições em espécie. Que nunca viu Riva pagar qualquer despesa com cheque ou cartão de crédito, sempre em dinheiro vivo”.
A postura de Riva com relação aos pagamentos, segundo o Gaeco, visava impedir a produção de provas de que o padrão de vida do ex-parlamentar, que segue preso no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), era incompatível com seus rendimentos.