\Um dispositivo legal que tem incomodado muitos figurões da política ultimamente é a Lei nº 12.850/ 2013, a tão popular "delação premiada". Em áudio vazado entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, o senador alagoano sugere mudanças da citada lei para impedir que presos colaborem com as investigações.
A autora da lei, ex-senadora Serys Slhessarenko (PRB), repudiou a tentativa de mudança e avalia de grande relevância a manutenção da delação. "A lei da delação premiada surgiu a partir de uma indagação que sempre me incomodou, que é o fato de muitos políticos enriquecerem com o mandato público".
A ex-senadora explica que sempre via políticos ostentando o patrimônio público e fazendo dos cargos eletivos uma carreira. "Sempre fui contra os cargos políticos serem tratados como carreira. Tanto é que fui professora da Universidade Federal de Mato Grosso por 26 anos e quando aposentei, só aceitei o valor que era de direito pelo exercício de professora. Quando deixei de ser senadora em 2011 eu também tinha direito ao salário oficial, mas recusei, pois apesar de ser legal é imoral".
A ex-senadora diz que não esperava que um dia a lei pudesse fazer tantos efeitos, como tem sido agora. "Vale lembrar que a delação por si só não é a prova concreta para incriminar alguém, mas é de suma importância para se chegar às provas".
Serys revela que é pré-candidata à prefeitura municipal de Cuiabá nas eleições que ocorrem em 4 meses. "Pretendo fazer uma campanha sem promessa mirabolantes. Está na hora de propostas mais pé no chão".