O ex-secretário de Estado de Comunicação durante o governo de Silval Barbosa (PMDB), Carlos Rayel, foi citado na delação premiada do executivo da Odebrecht, Leandro Andrade Azevedo, como responsável por negociações para recebimento de caixa dois para a campanha eleitoral do senador Lindbergh Farias (PT), que à época era prefeito de Nova Iguaçu (RJ) e concorria à reeleição.
Segundo o delator, em 2008, Carlos Rayel procurou o ex-presidente de Infraestrutura da Odebrecht, Benedicto Júnior, representando Lindbergh Farias para pedir ajuda financeira que seria utilizada no financiamento da campanha eleitoral à Prefeitura de Nova Iguaçu.
Benedicto Júnior teria compreendido que seria interessante atender ao pedido, uma vez que Lindbergh era “um jovem que poderia ter um futuro político”, conforme consta nos autos.
De acordo com Leandro Azevedo, depois do acordo, Carlos Rayel, recebeu a quantia de R$ 2 milhões, montante pago por intermédio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e com a anuência de Lindbergh Farias. Foi quando o petista ganhou o apelido de “Feio” no esquema.
Na época, Rayel exercia a função de publicitário responsável pela campanha de reeleição do petista para Prefeitura de Nova Iguaçu.
Leandro Azevedo ainda contou ao Ministério Público Federal (MPF) que em contrapartida à propina recebida, Lindbergh Farias, já em seu segundo mandato de prefeito, viabilizou o atendimento do pedido feito pela construtora em uma licitação de programa habitacional, o “Pró Moradia”.
Ainda segundo o colaborador, após firmar "acordo de mercado" com as empresas Carioca Engenharia e Mello de Azevedo e, posteriormente, vencer a licitação para um dos três lotes da obra, a Odebrecht utilizou o bom relacionamento que tinha com a Administração local para pleitear a junção desses três lotes em um único.
Para o procurador-geral da República Rodrigo Janot , que requereu ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, a instauração de inquérito contra o senador, as condutas narradas pelos delatores não se tratam de meras doações eleitorais irregulares. “Vislumbra-se, na verdade, solicitação indevida em razão da função pública que se almeja ou que ocupa, a pretexto de campanha eleitoral. Por esta razão há fortes indícios de que se está diante de crimes graves que precisam ser minuciosamente investigados”.
Em complemento às investigações, o procurador-geral também solicitou a oitiva de Carlos Rayel.
A reportagem entrou em contato por telefone e por mensagens com o ex-secretário de Estado, mas não obteve êxito.