O ex-secretário de Estado de Administração, Pedro Elias, afirmou o que o médico e filho do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), Rodrigo da Cunha (foto), foi quem o convidou para integrar uma suposta organização criminosa acusada de desviar recursos públicos estaduais. A informação foi prestada durante depoimento de Elias à Polícia Civil.
Segundo reportagem do MidiaNews, Elias disse ainda que parte das propinas de empresários (75%), as quais ele arrecadava, eram passadas diretamente a Rodrigo, no apartamento do médico, localizado no bairro Popular, em Cuiabá. Elias foi alvo da terceira fase da operação Sodoma.
O suposto convite de Rodrigo – preso desde o dia 25 de abril, também por conta da Operação Sodoma – foi relatado a delegados da Delegacia Fazendária (Defaz). A informação está contida nos depoimentos do ex-secretário que subsidiaram o termo de colaboração premiada, firmado com o Ministério Público Estadual (MPE) e homologado pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, no dia 10 de maio.
Segundo o site, no depoimento, Pedro Elias disse que foi chamado a participar dos “esquemas do governo” quando ainda integrava a Casa Civil. Após aceitar participar da organização, que seria liderada pelo ex-governador, ele assumiu o comando da Secretaria de Administração (SAD), no lugar de César Zílio, que também confessou sua participação na cobrança de propinas de empresários.
“Desde a época em que o interrogando estava na Casa Civil, Rodrigo Barbosa procurou pelo interrogando dizendo que havia ‘esquemas no governo’ e que gostaria de contar com o interrogando para fazer parte e o auxiliar”, diz trecho do depoimento, prestado à Defaz, no dia 31 de março.
Elias ficou responsável por entrar em contato com empresários para garantir as propinas em troca de continuar com contratos de prestação com o governo. Participando do esquema, ele também recebia parte da propina.
De uma empresa de tecnologia, o ex-secretário afirmou ter recebido pagamentos em três ocasiões com valores de R$ 180 mil, R$ 170 mil e R$ 160 mil. “Tais pagamentos foram feitos em dinheiro em espécie, não lembrando se nesses pagamentos ter recebido algum cheque. Que o interrogando retirou sua parte dos pagamentos, que era de 15%, pois havia combinado o seu percentual com Rodrigo Barbosa, sendo que o restante entregou para Rodrigo pessoalmente, no mesmo dia em que recebia”.
A operação Sodoma desbaratou um suposto esquema de pagamento de propina para agentes públicos em troca de manutenção de contratos com o governo do Estado durante a gestão Silval Barbosa. O ex-governador é acusado de comandar o esquema, que também tinha envolvimento do ex-secretário chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, e de Fazenda, Marcel de Cursi.