O ex-secretário de Estado de Planejamento, Arnaldo Alves de Souza, negou qualquer tipo de envolvimento em um esquema envolvendo a compra de um terreno que gerou um prejuízo de R$ 7 milhões aos cofres do Estado. Ele prestou depoimento em audiência de instrução e julgamento presidida pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda.
Arnaldo foi preso no dia 26 do mês passado quando a Polícia Civil, por meio da Delegacia Fazendária (Defaz), deflagrou a 4ª fase da operação Sodoma. Ele disse que a suplementação orçamentária autorizada para liberar recursos de outros setores para a aquisição do terreno foi legal. Explicou que a autorização para quem mexe com orçamento parte sempre do governador e que é um procedimento normal dentro da administração pública. “Eu não ordeno a despesa”.
O ex-secretário descreveu os trâmites internos dos processos na Secretaria de Planejamento, negou ter praticado qualquer ilegalidade e chorou. O promotor de Justiça, Marcos Bulhões, questiona se Arnaldo sabia qual era a finalidade dos R$ 7 milhões que ele autorizou para suplementação. "Eu não tinha conhecimento, só depois vim descobrir qual era a finalidade. Volto a dizer é muita coisa, você não entra na especificidade. Se cada coisa que o governador for fazer ele prestar contas para gente ele não consegue trabalhar. Eu só vim saber disso agora". Ele também alegou desconhecer que parte dos R$ 7 milhões que foram para o Intermat pagar o terreno voltou para os integrantes da organização criminosa. "Não tem necessidade de eu saber".
Arnaldo disse não se lembrar se participou de reunião onde foi combinado esquema de propina. “Eu não me recordo dessa reunião com eles. Nós tínhamos várias reuniões e todas essas pessoas faziam parte do Condes [Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social]. Sobre essa reunião específica, o senhor me desculpa, mas não estou lembrado disso”, disse ele ao responder questionamento do promotor. Arnaldo relata que o ex-presidente do Intermat, Afonso Dalberto, também participava de algumas reuniões do Condes quando ele pedia para participar.
Ele garantiu que nunca recebeu qualquer tipo de propina e que Silval Barbosa também nunca lhe pediu para fazer nada ilegal. "Nunca pedi e nunca recebi nenhuma vantagem indevida pra ninguém e todos que trabalham comigo podem provar e sabem que essa não era minha forma de trabalhar”.