Fontes confirmam que está em andamento processo de delação premiada do ex-secretário Cézar Roberto Zílio, preso durante a segunda fase da Operação Sodoma e solto dias depois por decisão da Justiça. Além de contribuir para a continuidade das investigações, que resultaram inclusive na terceira etapa da apuração, ele se comprometeu a narrar em detalhes e apresentar provas de pelo menos 11 casos de corrupção em que teria participado durante a gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
Entre outras coisas, ele teria confessado que o empresário Willians Paulo Mischur, dono da Consignum, repassou R$ 16 milhões a ele e ao ex-governador. A reportagem apurou que Zílio está disposto a revelar informações sobre os contratos a que teve acesso no período em que comandou a Secretaria de Estado de Administração (SAD), entre janeiro de 2011 e janeiro de 2013. O material já apresentado foi considerado por uma das pessoas que o analisou como “consistente” e muito provavelmente por isso é que ele foi colocado em liberdade apenas 12 dias depois de ter a prisão preventiva decretada pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda.
Outra informação que teria sido confirmada por ele foi a existência do pagamento de uma propina mensal por parte de Mischur, dono da empresa que mantinha um contrato com o Estado para o gerenciamento da margem de crédito consignado de servidores públicos. Depois de ficar com parte do valor pago, que girava em torno de R$ 500 mil, o ex-secretário repassaria a maior parte do montante ao ex-governador Silval Barbosa (PMDB). Depois de prestadas as informações e ajustado um acordo de delação premiada, o documento deverá ser homologado pela juíza Selma. Por estar em fase inicial, as tratativas para o acordo ainda não possuem cláusulas como uma eventual devolução do dinheiro desviado entre outros pontos.
A atuação de Zílio na suposta organização criminosa foi descoberta depois do depoimento de um arquiteto, usado por ele para a compra de um terreno, em um negócio de cerca de R$ 13 milhões. Outro que pode estar com a delação em andamento é o também ex-secretário Pedro Elias Domingos de Mello, preso na terceira etapa da Operação Sodoma. Ele teria “herdado” a atribuição de recolher o dinheiro pago por Mischur, situação que perdurou até o fim de 2014. No entanto, ainda não está claro se o acordo será definitivamente firmado.