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Ex-presidente FHC relata em seu livro histórias políticas com Dante, Jaime e Julio Campos

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A emendas das “Diretas-já”, de repercussão nacional, foi de iniciativa do então deputado federal – depois ex-governador de Mato Grosso – Dante de Oliveira, na época, um afilhado político do falecido líder Ulysses Guimarães. Porém, a obra do movimento, que mobilizou milhões e milhões de brasileiros cansados de esperar pelo fim do regime militar, foi de Franco Montoro, político também já falecido. Essa é pelo menos a impressão que deixa o livro “A Arte da Política – A História que Vivi”, do ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso. No livro, FHC cita vários políticos de Mato Grosso, entre os quais o “divertidíssimo” Júlio Campos, na época senador, hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e seu irmão, Jaime Campos.

Fernando Henrique Cardoso pretendeu no livro mergulhar na análise de seu Governo. Editado pela Civilização Brasileira, do Rio de Janeiro, “A Arte da Política – A História que Vivi” repassa um período da vida do país, que vai do auge do regime militar até o momento em que transmite o poder ao seu principal adversário político, o atual presidente Luís Inácio Lula da Silva. FHC revela bastidores inéditos e preciosos de seu governo, sem deixar de lado as acusações que sofreu. “Um livro raro, revelador, fascinante – e indispensável para compreender o Brasil de hoje” – ressalta Ricardo Setti, coordenador editorial da obra do ex-presidente.

Já no primeiro lugar em vendas no Brasil, o livro dedica boa parte a tratar da luta pela redemocratização do Brasil. E como não poderia deixar de ser, falou do movimento das “Diretas-já”. O ex-presidente relega a segundo plano a iniciativa. O autor da emenda, o mato-grossense Dante de Oliveira, é citado apenas uma única vez, quando se atribui a autoria da emenda. Em todo tempo, FHC dedica aos bastidores dos movimentos ao político Franco Montoro, ex-governador de São Paulo. “Foi Montoro quem desafiou os poderosos. Ele tinha o sentimento das ruas” – escreveu o ex-presidente. “Soube antes o que nós vimos depois: não éramos nós àquela altura que estávamos sozinhos, mas sim o governo, o regime”.

Dante é citado em outra parte do livro, agora na construção do PSDB. A referência não é também positiva. FHC destaca a evidente insatisfação de um grupo de esquerda do PMDB – que alguns, brincando, segundo ele, chamavam de “os barbudinhos” – com as características e os rumos do partido. “Curiosamente, vários dos interessados no novo partido, po4 diferentes razões, acabaram não marchando para o PSDB, como João Hermann (SP), Miro Teixeira (RJ), Antônio Britto (RS), Márcio Santilli (SP) e Dante de Oliveira (MT) – embora os dois últimos, mais tarde, terminassem entre os tucanos” – relata o ex-presidente.

Além do ex-governador, o livro cita ainda José Fragelli, que foi governador de Mato Grosso, na época senador pelo PMDB de Mato Grosso do Sul. Entre suas quase 700 páginas, aparece ainda o nome de Rodrigues Palma, ex-deputado federal, em episódio envolvendo a Constituinte de 1988, ao dificultar a aprovação de uma emenda relacionada a tempo de serviço. Roberto Campos, político de Nossa Senhora do Livramento, mas que se notabilizou mesmo como embaixador e ministro do Planejamento, também é lembrado em várias passagens. Outro que aparece é Gilmar Mendes, mas apenas como integrante do Governo.

A parte mais pródiga do livro, contudo, cabe a família Campos. “Durante uma visita a Mato Grosso, o governador Jaime Campos (PFL) e seu irmão, o senador Julio Campos – um político divertidíssimo – foram me pegar no hotel em Cuiabá para o primeiro compromisso: visitar uma Igreja Pentecostal” – relata o ex-presidente no livro. “Tratava se de um galpão gigantesco, com vários oficiando uma cerimônia, para duas, três mil pessoas que a cada momento proclamavam “Aleluia!” “Aleluia!”. Os pastores deram a palavra para Julio, e o que vi a partir daquele momento foi uma verdadeira pregação”.

FHC confessa que quando coube sua vez de falar ficou um tanto atordoado e acabou inserindo num discurso sobre o Plano Real referências a Deus mas também a Max Weber, o qual analisando a ética calvinista, mostra que a acumulação de riquezas pode ser vista como uma chamada do Senhor e seus eleitos. “Toda a mídia nacional estava lá representada, e fiquei temeroso do que seria publicado”.

“À saida da Igreja com Julio à frente, e sempre com os louvores mútuos de “Aleluia!” entre o público e os políticos- acabei também aderindo -, percebia que Julio detinha diante de um e outro, como se abençoasse: “Aleluia irmão! Aleluia irmão!”. Ao entrarmos no carro, expus a Jaime minha surpresa: – Eu não sabia que seu irmão era tão ligado à Igreja Pentecostal. O governador respondeu: – Ih, o senhor não viu nada, ainda. Precisava ver o Julio na umbanda, ele é ótimo”.

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