O ex-presidente da Companhia de Mineração de Mato Grosso (Metamat), João Justino Paes de Barros, afirmou em depoimento à juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, esta tarde, que realizou a compra de ouro para os ex-secretários de Estado de Fazenda, Marcel de Cursi, e da Casa Civil, Pedro Nadaf.
Justino disse que fez entre cinco e sete compras a pedido, que totalizaram entre 15 e 20 quilos de ouro. Ele nega ter conhecimento da origem do dinheiro que lhe era repassado pelos então secretários. Segundo ele, com relação à desapropriação do bairro Jardim Liberdade, não teve participação.
Questionado pela juíza sobre o que fez com o dinheiro que recebeu pela venda do ouro, João Justino diz que não ficou com nenhum valor, que apenas fez a intermediação da compra de Marcel de Cursi e Pedro Nadaf e que cobrava apenas 1% de diferença. Segundo ele, o minério era adquirido em uma mina localizada em Peixoto de Azevedo.
Ao ser questionado pela promotora Ana Cristina Bardusco, João Justino contou que é amigo de Pedro Nadaf desde a época de infância, quando estudaram juntos no colégio Salesiano São Gonçalo, e voltaram a ter relações durante o governo.
Ele afirmou que comprou ouro para Pedro Nadaf entre 2014 e 2015. Os encontros com Pedro Nadaf se davam tanto na Casa Civil quanto no escritório de Nadaf na Fecomércio, ocasiões em que Pedro entregava a Justino o dinheiro para compra de ouro. Em uma de suas visitas a Nadaf na Casa Civil é que ele afirma ter conhecido Marcel de Cursi.
Segundo o depoente, ele sempre descontava do valor recebido de Cursi ou Nadaf os gastos com suas despesas de viagem. Mas, na maioria das vezes, ele viajava com carro oficial da Metamat e o motorista da autarquia. Algumas vezes, ele chegou a ir sozinho a Peixoto de Azevedo.
João Justino contou ainda que geralmente entregava ouro para Nadaf na garagem do prédio da Casa Civil ou no próprio gabinete deste. No caso de Marcel de Cursi, ele lembrou que chegou a fazer uma entrega no aeroporto.
Indagado pela promotora, João Justino afirmou que sempre ouvia Pedro Nadaf lhe dizer que havia várias cobranças de dívidas de campanha por parte de empresários junto ao governo. Ana Bardusco perguntou sobre a relação entre o ex-presidente da Metamat e os demais réus e ele negou conhecê-los, a não ser por ouvir falar deles por parte de Nadaf, como é o caso do empresário Valdir Piran, que seria um dos credores do ex-governador Silval Barbosa.
João Justino passou a ser interrogado pelo advogado Marcos Dantas, que faz a defesa de Marcel de Cursi. Ele questionou quantas vezes Marcel pediu para João Justino comprar ouro. O réu respondeu que foram três ou quatro vezes. Já para Nadaf, ele diz que comprou ouro sete vezes.
O advogado Goulth Valente, também da defesa de Marcel, questionou quantos quilos foram adquiridos a pedido de seu cliente e João Justino disse que não se recorda exatamente, mas que foram cerca de quatro ou cinco quilos. Ele perguntou sobre o valor do grama da pedra preciosa e Justino disse que dependia da cotação do dia, se recorda que chegou a comprar ouro por R$ 130 ou R$ 135 cada grama, em março de 2015, ou seja, já na atual gestão de governo.
(Atualizada às 15h20)