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Ex-presidente da câmara de Cuiabá reaparece e alega inocência

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Está todo mundo errado. O Ministério Público, a Polícia e a auditoria independente que, cada um, ao seu jeito, investigaram as contas da Câmara Municipal de Cuiabá e encontraram graves falhas contábeis e de controle administrativo. Em suma, todos concluíram que há "rombo" nas contas da Câmara. Até o Tribunal de Contas do Estado (TCE), que aprovou as contas de 2007 numa ação meramente política, achou falhas gravíssimas. Mas, Lutero Ponce de Arruda, o ex-presidente acusado de desviar R$ 7,4 milhões em dois anos, jura inocência. Jura e promete provar que está todo mundo errado. "Sempre me pautei pela transparência e legalidade" – ele afirmou, taxativamente.
Lutero apela para a matemática para "escalpelar" os números apresentados pela Delegacia Especializada de Fazenda e Crimes contra a Administração Pública e também pela auditoria independente contratada pela própria Câmara. Ele disse que o Legislativo recebia repasse R$ 1,562 milhão para suas despesas. Os gastos mensais giravam em torno de R$ 1,32 milhão, incluindo o pagamento da folha de salários – que consumia em torno de R$ 860 mil. Com uma folha na mão, mostrou um saldo de R$ 233 mil ao fim da gestão.

"É impossível se chegar a esses números" – disse o vereador, que, apesar de tudo, preferiu usar da estratégia da elegância discursiva, sem atacar ninguém. "Respeito o trabalho da Polícia, mas não sei como conseguiram chegar a esses números" – frisou.

Livre da possibilidade de ser preso com a decisão da Justiça de revogar a temporária estabelecida no domingo, Lutero voltou a cena nesta quinta-feira ao lado do seu advogado, Paulo Taques.. Elee mostrou de certa forma indignado com o fato de que até nunca ter sido chamado para prestar qualquer tipo de informação. Sacou novamente o ofício encaminhado a Especializada de Fazenda em que se coloca a disposição para esclarecimento. O documento foi protocolado em 16 de junho. Lutero disse que tudo que sabe tomou conhecimento via imprensa.

O vereador jurou que não estava foragido e negou que tenha recebido informações privilegiadas sobre a decretação do ato que o levaria para a prisão. Ele relatou que no domingo foi para a chácara de um amigo e, ao retornar segunda-feira cedo, quando tomou conhecimento do decreto de prisão. Porém, o advogado Paulo Taques disse que só foi saber que havia mandado de temporária contra Lutero à tarde. Ele disse que o delegado que foi cumprir o ato judicial sonegou informação, dizendo que havia apenas mandado de busca e apreensão. Ainda assim, Lutero agradeceu a forma respeitosa como a Polícia agiu em sua residência em busca de documentos que pudessem subsidiar elementos das investigações.

Como não poderia deixar de ser, Lutero garante que a legalidade imperou durante sua gestão. Ele falou que não existem notas falsas na contabilidade da Câmara. "Desafio a provarem isso" – comentou, ao lembrar que todas as empresas só emitem notas fiscais com a chancela de legalidade na Prefeitura. "Vou provar minha honestidade" – disse, com efeito, ao rechaçar a denúncia de empresários que colaboraram com as investigações, dando conta de que participavam de licitações superfaturadas, cujos valores garantiam um desencaixe de 90% da nota em favor da administração da Câmara na época. "Nunca ouve isso" – jurou, atestando ainda a confiança nas pessoas que ocupavam cargos na sua gestão e que eram responsáveis pelas aquisições da Câmara.

Lutero ainda apelou ao emocionalismo. Disse que tem história em Cuiabá e um nome a zelar. Lamentou a atitude de segmentos de imprensa, em especial do jornal "Diário de Cuiabá", que estampou em primeira página sua foto logada com um título "Procura-se". Lutero se disse linchado moralmente e que a imprensa já o condenou. Contudo, garante que vai provar sua inocência. Tanto que já colocou inclusive a disposição a quebra do seu sigilo bancário e fiscal. "Já ganhei muito dinheiro em Cuiabá, mas na política nunca" – comentou, ao destacar a manutenção de seu patrimônio.

Sobre a possibilidade de vir a ser cassado, foi evasivo: "Em cada cabeça há uma sentença". Ele, contudo, manifestou ser contrário a instalação da Comissão Processante. Na anterior, ele conseguiu "derrubar" a proposta. Na época, ele contou com o apoio de onze dos 19 vereadores, sendo que dois não apareceram na sessão e um se absteve.

O advogado Paulo Taques informou que vai discutir com a titular da Especializada de Fazenda Pública uma data para que Lutero possa ser ouvido sobre os desvios. Provavelmente, isso deverá acontecer na semana que vem.

 

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