O ex-governador Silval Barbosa, que atualmente mora em Matupá (207 quilômetros de Sinop) prestou depoimento, hoje, no Fórum de Cuiabá, em ação sobre uma invasão a uma de suas propriedades, que será repassada ao Estado. Durante a audiência, o ex-chefe do Poder Executivo estadual fez críticas aos adversários, entre eles, a senadora Selma Arruda (PSL), cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), na última semana.
Para Silval, a parlamentar deveria confessar o crime de caixa 2. “Eu não meço ela com a minha régua. Ela se julga tão conhecedora da lei, e praticar os crimes que foram praticados, pelo menos o que mostra na imprensa, é muito grave. Eu cometi alguns crimes e estou colaborando com a justiça. Ela deveria fazer o mesmo. Confessar que errou, que fez caixa 2, campanha extemporânea com recursos que só ela sabe explicar”.
Em dezembro de 2017, Silval, que na época estava preso, foi condenado pela juíza Selma a 13 anos e sete meses de prisão por liderar uma organização criminosa que desviou mais de R$ 2 milhões dos cofres públicos por meio de concessão fraudulenta de incentivos fiscais. “Eu procurei no início me defender. Quando vi que estava errado, quis colaborar com a Justiça. É o que ela (Selma) deveria estar fazendo e não arrumando todos os mecanismos para protelar o processo”, avaliou Silval.
Conforme Só Notícias já informou, o pleno do TRE cassou Selma por unanimidade. O relator das ações, que também resultaram em sua inelegibilidade, Pedro Sakamoto, manifestou, em seu voto, que foram feitos pagamentos de despesas de campanha e não declarados na prestação de contas (reprovada, ano passado).
Sakamoto constatou que houve caixa 2 na campanha de Selma de “R$ 1,23 milhão sem que tenha havido qualquer registro na contabilidade oficial de campanha”. Ele enumerou pagamentos feitos por Selma para funcionários, advogados e um contador e citou resolução do TSE que devem ser pagas com recursos da conta da campanha.
“Contudo não foi o que aconteceu. E as despesas à margem da campanha não param por aí”, constatou o relator apontando que foi contratada empresa de pesquisa por R$ 60 mil, através de TED (R$ 24 mil cada) da conta pessoal de Selma. Outra empresa de pesquisa foi contratada por R$ 16,5 mil.
Selma obteve empréstimo de R$ 1,5 milhão feita pelo suplente Gilberto Possamai e os gastos feitos foram feitos sem respeitar as normas eleitorais e, dessa forma, ficou constatada a origem irregular da operação que só poderia só ser feita com instituição financeira e não empréstimo pessoal, “o que e é irregularidade grave”.
A senadora informou, após o julgamento, que está tranquila e vai recorrer. “Estou tranquila com a decisão proferida. A tranquilidade que tenho é com a consciência dos meus atos, a retidão que tive em toda a minha vida e que não seria diferente na minha campanha e trajetória política. Respeito a Justiça e, exatamente por esse motivo, vou recorrer às instâncias superiores, para provar a minha boa fé e garantir que os 678.542 votos que recebi da população mato-grossense sejam respeitados”