O ex-deputado estadual Airton Rondina Luiz, o Airton Português (PSD) confirmou que recebeu os maços de dinheiro, que totalizaram R$ 50 mil, em 2013, mas negou que se tratasse de vantagem indevida em razão do exercício do mandato de deputado, ou seja, que era beneficiário do chamado “mensalinho” pago pelo então governador Silval Barbosa. A declaração foi dada ao delegado da Polícia Federal, Fabrício de Azevedo Carvalho, no último dia 29 de maio, no âmbito das investigações da Operação Ararath. Ele é um dos ex-deputados que aparecem nos vídeos, entregues por Silval quando fez delação, onde aparece Rondina e sua irmã recebendo dinheiro do ex-chefe de gabinete Sílvio César Corrêa Araújo.
Segundo Airton, o dinheiro tratava-se de restos a pagar da campanha eleitoral de 2010, em que foi candidato e venceu o pleito para deputado estadual e também atuou como coordenador da campanha de Silval, na região de Cáceres. O ex-deputado afirma que acabou assumindo dívidas de campanha do ex-governador, que acabaram sendo parcialmente pagas por ele mesmo com recursos próprios, não se lembrando do valor total da dívida.
Sobre a gravação feita por Sílvio Corrêa, no Palácio Paiaguás, onde aparece recebendo dinheiro, Airton diz que não se recorda da data em que foi até o prédio do governo, mas confirmou que foi até lá após receber uma ligação de Sílvio solicitando que fosse ao palácio, mas sem avisar qual era o assunto, nem que lhe entregaria dinheiro ou que era para levar pasta ou mochila.
Questionado sobre a presença de sua irmã Vanice Marques (ex-secretária estadual na gestão de Silval) no encontro com Sílvio, Airton afirmou que foi uma mera coincidência, pois foi quem lhe deu carona. Ao delegado da PF, Airton Português relatou que ao entrar no gabinete de Sílvio, já percebeu que havia alguns pacotes de dinheiro sobre a mesa, mas Sílvio não falou nada sobre aquilo. Apesar disso, Airton supôs que se tratava do pagamento da dívida de campanha que Silval tinha consigo.
A versão do ex-deputado contraria o que relataram em suas delações premiadas Silval e Sílvio. No mês de fevereiro, durante interrogatórios da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó, na Câmara dos Vereadores de Cuiabá, Sílvio afirmou que o dinheiro pago aos deputados gravados se tratava de “mensalinho” pago como forma de Silval Barbosa obter governabilidade e apoio do Legislativo em projetos como o Mato Grosso Integrado. Já Silval classificou o caso como extorsão dos deputados estaduais.