O ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho disse, na série de dez depoimentos prestados ao Ministério Público entre 29 de junho e 19 de julho, que a estrutura da estatal era usada para campanhas políticas.
Marinho disse ter sofrido “muita pressão nos períodos que antecederam o primeiro e o segundo turno das eleições para prefeito e vereador”, no ano passado. Pressões que teriam sido feitas por diretores e pelo então presidente da empresa João Henrique para que fornecedores dos Correios confeccionassem materiais de propaganda política para seus “apadrinhados”.
“Esses materiais eram principalmente santinhos, mas também abarcavam cartazetes, cartazes, bandeirolas, camisetas, bonés e livretos que traziam planos de governo”, afirmou Marinho. Apenas os pedidos de ajuda do ex-diretor de Administração dos Correios Antônio Osório e do ex-presidente foram atendidos.
De acordo com Marinho, João Henrique teria pedido ajuda para uma “grande cidade do Estado de Rondônia”. Antônio Osório, por sua vez, pediu a produção de materiais para nove cidades do Sul da Bahia, seu reduto eleitoral.
Aos procuradores do Ministério Público, Marinho levou ainda a denúncia de que, em grandes capitais, cartas para eleitores e material gráfico repassado pelo correio não eram faturados, ou seja, candidatos enviavam material de campanha gratuitamente usando a estrutura das agências da estatal.