O fim da verticalização – apontado inicialmente como entrave para o fechamento da aliança “Mato Grosso Mais Forte”, que sustentará o projeto de reeleição do governador Blairo Maggi – não é tudo. Há mágoas e ressentimentos que vêem desde 2002 dentro do PFL que deverão levar o partido a fazer uma espécie de “jogo mais duro” para entrar definitivamente na aliança, abandonando a tese da candidatura própria ao Governo e ainda a hipótese de uma aliança histórica com o PSDB – o que, há algum tempo, era simplesmente inimaginável. Quem admite é o presidente do Diretório Regional, Jaime Campos, pré-candidato ao Senado.
O político de Várzea Grande evitou pontuar quais seriam os motivos de tantas mágoas e ressentimentos acumuladas a ponto de fazer com o que o partido até vislumbre ainda a possibilidade de não estar na aliança de Maggi. Mas acabou dando a senha: ““Quando você é parceiro as coisas têm que fluir naturalmente, as conversas, as posições. Tem que haver entendimentos para eleição e para o futuro”. Não foi difícil descobrir: o PFL não enguliu, por exemplo, a falta de entendimento em 2002 para as eleições em Cuiabá e Várzea Grande, em 2004.
Em Cuiabá, por exemplo, o PFL insistiu em ter o seu candidato a prefeito, Jorge Pires de Miranda. Porém, acabou não resistindo às articulações do PPS, partido do governador Blairo Maggi, e também dos próprios articuladores políticos do Governo. No fim, Miranda teve que ceder em favor de Sérgio Ricardo. Deu no que deu! Hoje Ricardo praticamente ajuda a sustentar a administração de Wilson Santos, do PSDB, partido adversário do Governo. Em Várzea Grande, o PPS não conseguiu “segurar” Murilo Domingos, deputado federal, que liderou uma forte oposição ao próprio Jaime Campos na disputa eleitoral. Deu no que deu! Em menos de um ano, Murilo já ameaçou “jogar a toalha”.
Jaime Campos afirmou que as tais regras da boa convivência político-partidária também deixaram de ser cultuadas ao longo dos anos da gestão de Blairo Maggi. Em que pese os constantes afagos do Palácio Paiaguás aos pefelistas, inclusive com declarações de efeito do tipo “não vislumbramos uma eleição sem o PFL” ou “PFL é o nosso principal aliado”, entre outras, Campos deixou claro que há descontentamento por causa dessas questões passadas, mas não apagadas. “Não vamos rachado para a eleição” – sustenta o dirigente pefelista, ao dar nova pista do que espera que aconteça: a restituição das marcas deixadas pelo conflito político em forma de entendimentos bem amarrados. “Vamos ouvir as bases e marchar unidos” – disse, com efeito.
Nesta sexta-feira, os principais integrantes da cúpula do PFL no Estado se reuniram exatamente para discutir a questão conjuntural, a partir do novo quadro desenhado pelo Câmara dos Deputados com a verticalização. Na verdade, com o fim da verticalização. Particulamente, Campos considerou a decisão como de “aspecto bom”, embora tivesse defendido a reforma política como medida necessária.
Abertas as negociações, o PFL já tem uma decisão tomada: qualquer que seja o entendimento para o futuro – leia-se, eleições em Cuiabá, Várzea Grande e outras cidades importantes em 2008, bem como a sucessão em 2010 – o partido descarta olimpicamente a vaga de vice. “Temos um projeto político” – frisou, para, em seguida, mandar a proposta para o arquivo: “Se for para ser vice, prefiro ir para casa” – disse, empunhando a bandeira da candidatura ao Senado. Dos chamados “grandes líderes” do partido, somente Campos está sem mandato eletivo.