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Engenheiro diz que concorrência pública do VLT foi sigilosa

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Sigilosa ao ponto de nem mesmo os membros dos consórcios concorrentes terem acesso a todo o teor das propostas apresentadas. Assim ocorreu a licitação para escolha das empresas que implantariam o VLT em Cuiabá e Várzea Grande, segundo o engenheiro Massimo Giavina Bianchi, que prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa do Mundo, esta tarde.

Proprietário da TTrans, empresa que elaborou o primeiro estudo de comparação entre o BRT e o VLT apresentado em Mato Grosso, Bianchi relatou ainda que os dados trazidos por ele para a audiência pública apontada como o ponto de partida para as discussões sobre a troca do modal foram retirados da internet e compilados em um único final de semana. 

“Iniciei em um sábado e na segunda estava pronto. Eu nem sequer conhecia a cidade. Apresentei em uma reunião de meia hora (ao então governador Silval Barbosa) e depois me levaram para uma entrevista coletiva com um monte de jornalistas. Uma fria danada”, disse aos deputados membros da investigação.

Segundo o engenheiro, o estudo em questão lhe foi solicitado por um amigo com quem havia trabalhado anos antes. Bianchi afirmou que se surpreendeu ao saber que o deputado José Riva queria acesso aos dados e que veio a Cuiabá porque fazia parte da estratégia comercial de sua empresa fornecer estudos gratuitamente na expectativa de firmar contratos posteriores.

O engenheiro afirmou ainda que participou de um dos consórcios que disputaram a licitação do VLT. Sua atuação, no entanto, teria sido limitada ao fornecimento dos sistemas de rodagem do veículo, não tendo ele, sequer, conhecido o teor completo da proposta das empresas envolvidas. “Nem a planilha (de preços) eu conheço. Dei os valores e eles que preencheram”.

Questionado sobre o possível direcionamento da licitação, Bianchi relutou em fazer afirmações. Pontuou, contudo, que esta teria sido a única concorrência pública da qual tem conhecimento em que apenas o líder do consórcio podia participar do processo. “Isso não é normal! Concorrências públicas têm que ser abertas ao público, por que essa foi fechada?”.

Sobre o estudo que teria iniciado a discussão acerca da troca do BRT para o VLT, o engenheiro afirmou que o fez com base em informações repassadas pelo amigo que o solicitou. Os dados eram um fluxo de 300 mil passageiros para uma via de 20 quilômetros de extensão, o que lhe fez concluir que 20 vagões seriam suficientes para atender a demanda, metade do que acabou sendo adquirido pelo governo do Estado.

De acordo com Bianchi, este fato pode ter contribuído para a discrepância entre o valor sugerido em seu levantamento (aproximadamente R$ 700 mil) e o licitado pelo Estado (1,4 bilhão). Além disso, o estudo apresentado na audiência pública não considerava, segundo ele, as obras de engenharia civil necessárias. “Tenho absoluta certeza que o estudo tinha a ressalva de que o custo total dependia da obra civil”.

Ainda conforme Bianchi, decisões técnicas como a largura dos trilhos (bitola) também podem ter elevado o custo das obras de engenharia civil. O engenheiro sustenta ter sugerido que fosse usada uma medida de 1 metro, o que reduziria o valor do empreendimento. O Estado, no entanto, teria optado por 1,435 metro.

“No Brasil, só tem VLT de 1 metro ou 1,6 metro. Para vender os vagões (comprados a mais), teria que existir um novo sistema de VLT a ser implantado. Se tivessem optado pelo de 1 metro, seria mais fácil encontrar comprador”, afirmou ao ser questionado sobre a intenção do atual governo de comercializar parte dos vagões já adquiridos.

A CPI das Obras da Copa ouviu também o engenheiro Gamaliel Cruz Soares, convocado pela segunda vez para depor. O depoimento dele, no entanto, foi considerado prejudicado pelo presidente das investigações, o deputado estadual Oscar Bezerra (PSB), já que Soares afirmou quase todo o tempo não se lembrar dos fatos questionados.

Jamir Silva Sampaio teve sua oitiva remanejada para esta quarta-feira (27) devido ao horário de encerramento da reunião. Além dele, prestarão depoimentos os engenheiros Arnaldo Manuel Antunes e Fernando Orsini Nunes de Lima, ligados ao Consórcio VLT Cuiabá. A reunião tem início às 14h e será realizada no auditório Milton Figueiredo.

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