O ex-secretário de Estado de Educação, Permínio Pinto, foi informado das irregularidades cometidas por três servidores da Seduc, desmanteladas com a operação Rêmora. É o que afirmou, em depoimento, o empresário Ricardo Augusto Sguarezi, dono da Aroeira Construções. Aos promotores e delegados do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), ele contou que, após a revelação, Permínio se mostrou “surpreso” e determinou que Sguarezi não pagasse nenhum tipo de “comissão”.
Sguarezi, conduzido coercitivamente por decisão judicial, relatou que no início do ano passado esteve na Secretaria de Estado de Educação (Seduc) para falar com Fábio Frigeri, preso na operação e exonerado nesta quarta-feira (4), sobre a realização de medições em obras tocadas por sua empresa. No encontro, ele foi informado de que estes assuntos deveriam ser tratados com o empresário Giovani Guizardi, dono da Dínamo Construtora e também preso nesta semana, que seria “chefe” do setor.
Sem saber quem era Guizardi, se servidor ou empresário, Sguarezi procurou o superintendente de obras da Seduc, Wander Luiz dos Reis, que está com mandado de prisão decretado e foi afastado das funções na pasta para entender o que estava ocorrendo. Wander teria confirmado o papel desempenhado por Guizardi e o empresário “mesmo sem acreditar no que estava acontecendo”, decidiu procurá-lo.
Na reunião, Guizardi confirmou ser o “chefe” e disse que como único responsável pela liberação dos pagamentos, deveria receber 5% do valor total. Sguarezi procurou os servidores da Seduc novamente, insistindo que teria recursos a receber e teve, como resposta, a informação de que apenas o dono da Dínamo Construtora poderia liberar os pagamentos. Depois de algum tempo, o empresário chegou a receber os recursos, mas em julho, quando havia outra medição, enfrentou nova dificuldade.
Em outro encontro, ele teria ouvido de Guizardi: “você recebeu os pagamentos que eu autorizei e agora para receber os próximos vai ter que acertar comigo”. Por conta disso, ele procurou Permínio e relatou o caso, quando recebeu a resposta do ex-secretário de que não deveria pagar. Depois disso, Sguarezi passou a receber pelas medições, com certo atraso. Ele ressaltou ainda que passou a ser visto com “maus olhos” e passou a sofrer retaliações por parte dos servidores.
Dos três servidores da Seduc que tiveram a prisão preventiva decretada, apenas Wander segue foragido e com emprego. Isso porque, por ser servidor concursado, ele só poderá ser demitido após Processo Administrativo Disciplinar (PAD). Frigeri foi demitido ainda por Permínio, conforme publicação no Diário Oficial de quarta-feira. Já Moisés Dias da Silva estava lotado no gabinete da presidência da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, sob o comando de Guilherme Maluf (PSDB). A assessoria do parlamentar informou que ele já foi exonerado das funções e que a Mesa Diretora apoia toda e qualquer investigação.
Os empresários Joel de Barros Fagundes e Moisés Feltrin, ex-deputado estadual, acabaram soltos nesta quarta-feira após o pagamento de fiança. Eles tiveram cumpridos contra si mandados de busca e apreensão e condução coercitiva e acabaram presos em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Na audiência de custódia, ficou definido que Moisés e Joel pagarão R$ 4,4 mil de fiança, valor correspondente a cinco salários mínimos.