O dono da empresa Santoni Empreendimentos Imobiliários, Antônio Rodrigues Carvalho, réu e delator da ação afirmou à juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, que a denúncia do Ministério Público Estadual contra ele é verdadeira. “Eu tinha uma área desde 1986 no Osmar Cabral e apresentei em 1996 um projeto para fazer um loteamento com três mil lotes nessa área. Essa área foi invadida e eu entrei com reintegração de posse e consegui tirar mais ou menos umas 800 famílias que estavam na área. Uma semana depois eles voltaram a invadir a área. Entrei com reintegração de posse, tirei na segunda vez. Na terceira vez, eu não tinha mais condição financeira de tirar e o Estado me procurou dizendo que eu deixasse o pessoal lá que eles iam entrar com desapropriação. O estado entrou com o processo de desapropriação, mas isso não aconteceu. Dez anos depois, conseguimos provar para o Estado que a área era nossa, tivemos ganho de causa no tribunal em 2011 e eu fui exercer a reintegração de posse e, como estava passando período de problema de saúde, entrei com pedido para que o Estado me pagasse, fizesse uma indenização, porque em 2011 já tinha asfalto na área, já tinha sido totalmente ocupado”.
Ele disse que realizou uma avaliação pelo CREA e o estado fez outra avaliação e acabou aceitando a avaliação do estado em função da condição financeira e física, na época. “Em 2011 eu estava renovando meu visto para o Canadá e saindo da política federal encontrei um amigo, que eu achava que era amigo, eu tinha feito projeto para casa dele, fazia muitos anos que não o encontrava e perguntei onde você está? Ele falou que estou no Rio de Janeiro, mas estou no governo, se precisar de alguma coisa, estou à disposição”, disse se referindo a Francisco Gomes de Andrade lima Filho.
Inicio de 2014, o empresário disse que Francisco Lima o chamou e falou: o seu processo está pronto para ser desapropriado. Ai ele disse que eu tinha que ir até o secretário de Fazenda para ver a forma de pagamento dessa área.
O delator afirma que por orientação de Francisco Lima, foi até Marcel de Cursi, então secretário de Estado de Fazenda, conversar sobre a forma de pagamento da desapropriação. ele conta que Marcel lhe apresentou duas opções: ou receber em precatórios, o que demoraria anos, ou receber R$ 31 milhões, porém, devolver 50% desse montante. Ele apenas teria ouvido a proposta e, já no estacionamento, encontrou Francisco Lima, que teria lhe dito: "Aqui não tem outra forma de receber. O Estado não paga ninguém se não for dessa forma".
O empresário diz que como já estava há 18 anos esperando pela indenização e estava doente, sem condições de trabalhar, acabou aceitando o esquema.
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