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Empresária denuncia possível esquema para supervalorizar imóveis alugados para prefeitura de Sinop

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A empresária Neiva Dalla Valle depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instaurada na câmara para investigar os contratos de alugueis feitos pela prefeitura na gestão de Juarez Costa. Ela é proprietária de uma das imobiliárias contratadas pelo legislativo para avaliar se os preços pagos pela prefeitura estão dentro da realidade de mercado. Em seu depoimento, na sexta-feira à tarde, Neiva revelou a possível existência de um esquema para supervalorizar preços de alguns imóveis.

Aos vereadores, Neiva apresentou o áudio de uma gravação telefônica, em que fala com o funcionário de outra imobiliária sinopense. Se passando por proprietária de um imóvel com interesse em locar para o município, Neiva questiona a possibilidade de conseguir um parecer para anexar ao processo de locação. “Eu pedi para duas imobiliárias entrarem em contato com você. Se precisar (de uma terceira), eles indicam. Se não, posso fazer, sim”, responde o funcionário.

Apesar de negar trabalhar no ramo de avaliação de imóveis para locação, o funcionário acaba detalhando que a empresa participou de um processo, no qual três corretores emitiram parecer para locação de um prédio para a prefeitura. “Um cliente loca para a prefeitura e precisou (do parecer) para dar entrada e fazer o acordo de atualização do aluguel. Daí fizemos ‘rapidinho’. Juntou três corretores e chegamos a uma conclusão que valia tanto”.

Neiva, então, questiona se é possível colocar um valor acima do de mercado, como forma de beneficiar o locatário. "Mas aí vocês colocam acima do valor e não tem problema, né?”, pergunta a empresária. “É. Se precisar de um pouquinho a mais. Eu preciso saber onde você vai usar isso”, confirma o funcionário da imobiliária.

A empresária e avaliadora dos contratos criticou a forma como são feitas as locações de imóveis pela prefeitura de Sinop. Para ela, as avaliações deveriam ser feitas pela prefeitura. “Ela deveria ser responsável por contratar profissionais preparados para analisar os imóveis. Da forma como é hoje, com o locatário contratando um parecer particular, compromete a macula do processo”, afirmou.

Os vereadores ainda debateram a locação do imóvel destinado à Farmácia Regional 3, no Jardim Jacarandás, por R$ 15 mil mensais. Para a Valle Imóveis (de Sorriso) o prédio tem valor máximo de mercado de R$ 7,5 mil por mês. A TC Engenharia, por outro lado, foi um pouco mais generosa e apontou que, se o município pagasse até R$ 7,6 mil ainda estaria dentro da faixa aceitável de preço.

Segundo Neiva Dalla Valle, outro imóvel da prefeitura, a menos de 1 mil metros de distância e com características semelhantes, está locado por R$ 9 mil, o que levanta dúvidas sobre o valor pago para a proprietário do prédio onde funciona a Farmácia Regional 3. “Neste caso, o Núcleo de Projetos e Desenvolvimento Urbano (Prodeurbs) avaliou o imóvel por R$ 8,4 mil. O imóvel mais barato é melhor localizado que o outro”, afirmou.

No entanto, para Roberto Rizotto, avaliador contratado pela locatária do imóvel na época em que o contrato foi assinado, os membros da CPI devem levar em consideração outros dados sobre os imóveis. “Sinop possui um mercado imobiliário atípico. Até um ano atrás, a gente tinha uma realidade e hoje temos outra. A oferta era menor. Além disso, eu emiti um parecer, que é diferente do laudo. É uma opinião sobre o valor”, destacou.

O presidente da comissão, Fernando Brandão (PR), classificou como “séria” as denúncias feitas por Neiva Dalla Valle e adiantou, ao Só Notícias, quais os próximos passos da investigação. “Vamos consultar nosso jurídico para saber de que forma poderá ser apurado isso. A partir de agora, vamos pedir informações precisas para os fiscais de contratos da prefeitura sobre aqueles imóveis que apresentaram diferenças nos valores”.

Os fiscais receberão questionários ainda hoje. A expectativa é que o material seja devolvido antes do prazo de conclusão da CPI, no dia 28 de maio. O relatório final será feito pelo vereador Ademir Bortoli (PROS) e, em seguida, votado pelo plenário. Wollgran Araújo (DEM) e Fernando Assunção (PSDB) devem entregar um relatório paralelo ao Ministério Público Estadual (MPE), por discordarem da presença na comissão de Bortoli e Nevaldir Graf (PMDB), o “Ticha”, ambos ex-secretários na gestão Juarez Costa (PMDB), que assinaram, como testemunhas, alguns contratos que estão sob investigação. 

Na sexta, também prestou depoimento Neiva Maria Fruett Dacroce, proprietária de um imóvel localizado na rua João Pedro Moreira de Carvalho, que abriga a Farmácia Regional 4, o Posto de Coleta do Laboratório Municipal e a Unidade de Saúde do bairro Menino Jesus. O prédio está locado por R$ 22 mil, mas, segundo as avaliadoras contratadas pela câmara, vale, no máximo, R$ 10,8 mil (média dos dois laudos).

Neiva declarou que “fez o investimento de uma vida inteira” no imóvel e que não teria intenção em locar por outro valor. Ela negou ter recebido qualquer propina ou feito “negociata” para alterar o preço do imóvel. “Antes da prefeitura procurar para locação era apenas uma estrutura metálica. O imóvel foi adaptado. Gastei muito e deste valor não abro mão, por conta do investimento que fiz”.

(Atualizada às 08:25h)

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