A decisão da Justiça de bloquear a conta da Global Tech, para retenção dos R$ 2,1 milhões dados pela extinta Agência Executora da Copa de 2014 (Agecopa), transformada em Secopa ainda sob o comando de Éder Moraes, não deverá lograr o êxito esperado. A empresa, que intermediaria o repasse de 10 veículos Land Rover Defender, com equipamentos de monitoramento de fronteira, em contrato anulado em 2011 de R$ 14,1 milhões, por decisão do governador Silval Barbosa (PMDB), não possui o "capital" ou patrimônio para dar suporte à devolução.
Esses dados estão contidos nos documentos sob investigação do Ministério Público Estadual (MPE) e ainda do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Auditoria fez alerta sobre a falta de capacidade da operadora para gerir a negociação, em função de vários apontamentos, como o balanço patrimonial da Global Tech, que é filial do Grupo Elite, empresa de Brasília que mantém tratativas comerciais com a Gorizont, da Rússia, país que havia selado o acordo com Mato Grosso para repasse dos conjuntos de monitoramento.
Consta nos documentos que no ato da realização do contrato, a referida empresa "tinha um imobiliário de apenas R$ 4.736,72 em 31/12/2010, completamente incompatível com a produção de equipamento de custo unitário de R$ 1,4 milhão". Destaca ainda que a empresa constituída em 2010 "teve como resultado nesse único exercício em que operou, o valor de R$ 84.616,66 negativo, decorrente de despesas realizadas nesse mesmo valor, ou seja, a empresa não registrou a venda de nenhum produto no exercício".
E os questionamentos vão mais além: "como pode a Agecopa por meio de seus técnicos, ter chegado à conclusão de que havia um produto produzido por essa empresa e que atendia às necessidades da Agência, se esta mesma empresa não havia produzido nem vendido nenhuma unidade até então", como consta no processo sob investigação dos órgãos fiscalizadores. Assessoria jurídica da Global afirmou não ter sido notificada.