Projeções feitas a partir das eleições municipais de 2000, 2004 e 2008 apontam que 8 partidos e coligações devem eleger vereadores na Câmara de Cuiabá, o que demonstra uma disputa bastante pulverizada. Para garantir vitória na corrida pelo Legislativo, eles deverão obter pelo menos 20.330 votos, ou seja, 7.782 a mais que o quociente eleitoral desse ano (estimado em 12.548 votos).
Os cálculos foram feitos pelo especialista Valdecir Calazans. Além da retrospectiva dos últimos 12 anos, a pesquisa levou em consideração o eleitorado de Cuiabá, finalmente fechado na última semana pela Justiça e que mostra 392.177 votantes na capital.
Os dados mostram ainda que, para garantir sozinho a eleição, o candidato deve obter em média um terço do quociente eleitoral, ou seja, 4.180 votos, desempenho obtido por grande parte dos atuais vereadores pela capital nos últimos pleitos. O restante deve ser garantido pelo desempenho das legendas e coligações através da votação nominal e de legenda. Dos atuais parlamentares, 12 dos 19 parlamentares eleitos conseguiram atingir a terça parte do quociente naquele em 2008.
Os dados mostram ainda que para eleger um vereador nesse ano será mais difícil, apesar da Câmara passar de 19 para 25 vagas de vereadores por conta da Emenda Constitucional 58/09, que estabeleceu em todo o país novos parâmetros para composição dos Legislativos e respectivos orçamentos. Em 2000, os partidos e coligações que garantiram o primeiro representante obtiveram pelo menos 21.193 votos. Em 2004, foram 14.807. Em 2008, 17.184. Nesse ano, serão 20.330, mas pela média essa mesma sigla ou coligação precisará de 10.165 votos para a garantir a segunda cadeira pela média.
Calazans afirma que as previsões têm sido confirmadas nas últimas eleições, apesar de dependerem de vários fatores, como número de abstenções, votos nulos e brancos. Apesar disso não ser possível a garantia antecipada de repetição, os votos válidos têm ficado historicamente na margem de 80% em Cuiabá. “A partir das últimas eleições, verificamos que os fenômenos se repetem apesar de poucas variações. Como os dados mostram uma eleição pulverizada em 2012, os partidos devem ter cautela e saber que ninguém vai chegar sozinho e se garantir antecipadamente”.
A possibilidade de garantir mais vagas na Câmara Municipal deve orientar coligações porque isso é componente fundamental para o cenário político, já que quem tem mais representante tem mais voz e poder de barganha nas discussões. O vereador mais votado também inicia com preferência para ser o futuro presidente do Legislativo, que ordenará duodécimos de aproximadamente R$ 26 milhões.
Paras se ter uma ideia da importância da escolha certa nas coligações basta lembrar que a legendas que não alcançarem o mínimo da votação não participarão da distribuição dos mandatos, mesmo se tiverem os candidatos mais votados individualmente. Isso ocorreu com o ex-deputado Carlos Brito (atualmente no PSD), que obteve quase 30 mil votos em 2006, mas ficou de fora da Assembleia Legislativa porque os correligionários não tiveram também desempenho bom, o que excluiu o ex-parlamentar mesmo tendo votação superior a muitos beneficiados pela média.
Atualmente, o PTB do prefeito Chico Galindo possui a maior bancada no Legislativo com 5 dos 19 atuais vereadores. Como o chefe do Executivo descarta disputar a reeleição, o grupo já fala em fazer uma coligação proporcional com o PSDB do deputado e pré- candidato à prefeitura, Guilherme Maluf. Juntas as legendas contam atualmente com 8 parlamentares e, se obtiverem a maior votação, tendem a ficar com apenas 6 a partir do ano que vem, o que vem criando resistência entre atuais vereadores na expectativa de garantir a reeleição. Na prática, eles perderiam 2 vagas se coligadas e obtiverem a maior votação proporcional.
Outro ingrediente importante para composição das coligações é o tempo dos candidatos nos programas eleitorais de rádio e TV, distribuído de acordo com a representação de cada sigla no Congresso Nacional. Isso será conhecido a partir de junho, quando serão realizadas as convenções.