O secretário executivo da Copa de 2014, Eder Moraes, terá que prestar explicações na Assembleia Legislativa sobre o polêmico contrato de Mato Grosso com o governo da Rússia para compra de dez veículos Land Rover Defender equipados de radares pela "bagatela" de R$ 14 milhões. Em discursos contundentes feitos em Plenário, os líderes do PSD, Walter Rabello, e do PPS, Percival Muniz, exigiram no mínimo que o secretário esclareça os fatos que são alvo de investigação no Ministério Público do Estado (MPE) e no Tribunal de Contas do Estado (TCE). "Que o governo do Estado faça como a presidente Dilma, convocando para prestar esclarecimentos. Se não convencer que também faça igual, que caia quem tiver que cair", disparou Percival.
Promotor de Justiça Clóvis de Almeida Júnior confirmou abertura dos procedimentos para instauração de inquérito, ontem. Até o fim da tarde não havia chegado às mãos do promotor as informações solicitadas em inquérito a cargo da Comissão Especial de Acompanhamento das obras da Copa do MP, sobre ações delineadas para o Mundial que também envolvem a questão da segurança pública.
Rabello demonstrou-se indignado com a postura adotada por Eder Moraes, que recentemente participou de reunião do Colégio de Líderes para tratar de temas relativos aos jogos, mas simplesmente não repassou dados referentes ao contrato com o governo russo. Foi mais além ao questionar os valores e o formato dos procedimentos, que deveriam ter sido repassados e que curiosamente, só agora foram levados ao conhecimento da sociedade por meio da imprensa. A Gazeta divulgou as informações com exclusividade, por meio de documentos que permeiam as investigações do MPE e do TCE.
O líder do PSD disse que "não dá para continuar vendo essa situação enquanto crianças não tem a devida educação, a saúde está um caos e idosos nem mesmo tem lugar para ficar e isso sem falar das pessoas que morrem nas filas de atendimento da saúde". Percival colocou o governador Silval Barbosa (PMDB) em saia justa, cobrando uma posição do gestor a respeito do tema. O líder do governo na Assembleia Legislativa, Romoaldo Júnior (PMDB), tentou acalmar os ânimos, ao lembrar que é preciso ouvir as explicações de Eder Moraes sobre o caso.
Um dos pontos mais questionados do contrato se dá pela opção de dispensa de licitação para a concretização da compra dos veículos e radares, que customizados, se destinam à segurança de fronteira. O secretário assegura que todos os atos estão amparados na legislação, na Lei 8.666, que rege os certames, em artigo que sustentaria a "inexigibilidade". Além desse item, o MPE também quer explicações sobre a escolha da empresa Global Tech, representante do Grupo Elite, sediado em Brasília, escolhida na Capital para repasse dos equipamentos.
Eder Moraes também terá que detalhar mais um ponto de grande dúvida: quais os parâmetros encontrados pela extinta Agecopa, transformada em secretaria, para respaldar a cifra de R$ 1,4 milhão para cada um dos dez conjuntos. Ele sustenta tecnologia de ponta produzida pela Rússia, mas no MPE e no TCE existe entendimento de que é possível estabelecer comparativos com base em produtos similares.