No último dia de interrogatório, o ex-secretário de Estado de Fazenda, Eder Moraes (PMDB), que ao longo de três audiências prestou esclarecimentos sobre 38 denúncias prestadas contra ele pelo Ministério Público Federal (MPF) no processo em que é acusado por crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro, deixou a sede da Justiça Federal se declarando inocente das acusações. “O que eu posso afirmar hoje, olhando nos olhos da sociedade mato-grossense, é que o Eder Moraes não cometeu nenhuma irregularidade, nenhuma irregularidade, zero de irregularidade”.
O ex-secretário deixou o Centro de Custódia de Cuiabá, onde cumpria mandado de prisão preventiva, há cinco dias. Ele chegou sozinho à sede da Justiça Federal, na tarde de ontem (14) para a terceira e última audiência de interrogatório que durou mais de nove horas.
De personalidade marcante, Eder, que nunca poupou declarações, pelo contrário, chegou mais comedido desta vez. Na entrada, cumprimentou os funcionários, mas informou que não falaria até o trânsito em julgado do processo em respeito à Justiça Federal, mas ao sair, deixou claro que não estava cortando relações com a imprensa, mas apenas se resguardando.
“Não deixei que fizessem imagens minhas (na saída do centro de custódia) porque eu estava num estado de espírito ruim, eu emagreci 14 quilos, eu sofri com tudo isso, a minha família sofreu com essa situação, a minha esposa, por uma decisão que eu respeito, ficou proibida de sequer me visitar na prisão, mas são as surpresas da vida pública que quem assume o cargo público tem que estar preparado para o ônus e para o bônus”.
Eder ainda ressaltou que durante os 81 dias em que ficou preso preventivamente, chegou até a passar fome no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, e sofreu todo o tipo de crítica. O ex-secretário ressalta que é inocente e que está comprovando isso, mas que tratam-se de questões complexas, que levam horas e até dias para serem explicadas. “É muito fácil dar uma notícia, lamear a honra das pessoas, ferir uma relação conjugal. Isso é muito fácil fazer, mas é muito difícil fazer o caminho inverso”.
Esta tarde, será a vez da sua esposa, a empresária Laura Dias, também acusada no processo, ser interrogada na 5ª Vara da Justiça Federal. Apesar de sua defesa sustentar que ela teria sido levada ao engano pelo marido, Eder garante que ela jamais foi enganada, tanto que pretende acompanhá-la em seu depoimento. De acordo com ele, o que houve foi apenas um acordo conjugal para a divisão de tarefas, na qual ela cuidava dos filhos e ele, dos negócios. “Não sei curar umbigo, trocar uma fralda, ela que sempre fez isso, cuidou do nosso maior patrimônio, enquanto eu lidava com questões burocráticas, como nosso imposto de renda”.