O empresário Joesley Batista, sócio da holding que controla a JBS, afirmou em sua delação premiada ter articulado um esquema de corrupção no Ministério da Agricultura juntamente com o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) e o seu operador, Lúcio Funaro. O objetivo era o de favorecer suas empresas e pagamento de propina aos dois.
De acordo com reportagem do Valor Economico, Joesley afirmou ter intermediado, em 2013, a nomeação do mato-grossense Rodrigo Figueiredo (foto) para o cargo de secretário de Defesa Agropecuária do Ministério, departamento responsável pela sanidade agropecuária no país e onde são obtidas as licenças obrigatórias para que as empresas de alimentos atuem tanto no mercado, tanto interno quanto externo.
Figueiredo era ligado a Toninho Andrade, ministro da Agricultura à época e, pelos relatos de Joesley, assinou vários “atos de ofício” que favoreciam a holding e ainda rendeu propinas no valor total de R$ 7 milhões a Funaro e Cunha. O mato-grossense ocupou cargos de destaque durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando chegou a ser ministro das Cidades, e de Dilma Rousseff (PT).
O empresário conta que esse montante de propina foi especificamente pago pela holding em contrapartida pela edição de dois atos normativos pela Secretaria de Defesa do Ministério da Agricultura: um permitiu a regulamentação das exportações de despojos (partes de animais), caso que ficou polêmico na época e foi bastante criticado por pequenos e médios frigoríficos; e o outro revogou uma portaria ministerial que proibia o uso de um vermífugo de longa duração e assim reestabelecia o uso de vermífugos de prazo curto, “o que evitava dificuldades fitossanitárias na exportação de carnes”.