O diretor de tributos da JBS, Valdir Aparecido Boni, ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sonegação Fiscal afirmou ter se reunido com o ex-secretário de Estado de Indústria, Comércio, Pedro Nadaf, quando a empresa obteve o incentivo de R$ 73 milhões do crédito outorgado. Para o presidente da comissão, deputado estadual Zé Carlos do Pátio (SD), o encontro entre o ex-secretário e o diretor da JBS não pareceria correto.
“A sensação que dá é que houve uma negociação pessoal e não institucional. A sensação é que foi uma grande negociata, já que a empresa ganhou o benefício e isso não foi publicado no Diário Oficial do Estado”.
O Decreto nº 994/2012 que concedeu o incentivo estabelecia exigências muito altas, o que provavelmente só poderiam ser preenchidas pela JBS que foi a única empresa a receber o beneficio. Boni explicou que como a regalia não foi publicada, Nadaf o convidou para vir a Cuiabá. “Nadaf me chamou Cuiabá e me comunicou pessoalmente que a empresa havia sido beneficiada”.
O direto foi questionado sobre a fato da empresa obter dois benefícios ficais o que é ilegal, mas afirmou que em nenhum momento o corpo jurídico da JBS foi contra ao recebimento. Para Zé Carlo do Pátio, todo o depoimento foi vago. “Ele afirmou que teve prejuízo com dois inventivos e mesmo assim se manteve com os benefícios, isso é muito estranho, é visível que tem algo errado e nós vamos aprofundar isso”.
Além disso, os membros questionaram sobre a nota fiscal no valor de R$ 210 mil emitida pela empresa NBC Assessoria e Consultoria Ltda., pertencente a Pedro Nadaf, em 2011. Boni preferiu não responder a pergunta. Essa empresa foi apontada na Operação Sodoma, que prendeu Nadaf e o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), como um meio para o ex-secretário receber propina.
Ao final da reunião da CPI os deputados decidiram pela convocação do presidente do grupo, Wesley Batista, para explicar a negociação com o Governo do Estado no final do ano passado com o recolhimento de R$ 374 milhões. “No começo, Boni entrou em contradição e eu quis pedir a prisão preventiva dele. Mas a assessoria jurídica pediu cautela. Se a contradição não fosse forte o suficiente, ele poderia ser solto ainda hoje e colocar em dúvida a CPI, decidimos então convocar o diretor da JBS que deve nos esclarecer melhor os questionamentos feitos hoje”.