Neste domingo, poucas semanas antes da posse de seu segundo mandato na presidência, Dilma Rousseff completa 67 anos de idade. Filha do búlgaro Pétar Russév e de uma mineira de quem herdou o nome, Dilma passou a infância em Belo Horizonte (MG) ao lado dos dois irmãos, Igor e Zana. Em 1964, ano do golpe militar, ela entrou no Colégio Estadual Central, onde iniciou a militância na Política Operária (Polop), organização de esquerda com forte presença no meio estudantil. Aquele foi o início de uma história quase que inteiramente dedicada à vida política.
Entrada para a militância
Em 1967, Dilma ingressou no curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e aderiu ao Comando de Libertação Nacional (Colina) – organização de combate à ditadura. Posteriormente, por conta disso, começou a ser perseguida e foi obrigada a entrar para a clandestinidade.
Prisão e tortura
Nesta semana, em que recebeu o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, Dilma não conseguiu esconder a emoção que sente toda vez em que se recorda da época em que foi vítima da ditadura militar. Capturada por agentes do Estado por atuar em grupos considerados “subversivos”, ela passou os dias, de janeiro de 1970 a dezembro de 1972, nos porões da Operação Bandeirantes (Oban) e do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde sofreu sessões de tortura.
Início da vida política (na legalidade)
Após o fim da ditadura e do bipartidarismo, Dilma participou, ao lado de Leonel Brizola, da tentativa de recriação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com a perda da sigla, voltou seus esforços para a criação do Partido Democrático Trabalhista (PDT) – com o qual atuou como assessora na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
Primeiro cargo executivo
Em 1985, Dilma se dedicou à campanha de Alceu Collares, do PDT, à prefeitura de Porto Alegre. Ele venceu e a nomeou titular da Secretaria Municipal da Fazenda, seu primeiro cargo executivo, onde permaneceu até 1988.
Do município para o estado
Em 1990, Collares foi eleito governador do Rio Grande do Sul e mais uma vez se lembrou de sua antiga parceira. Dilma foi indicada para comandar a Fundação de Economia e Estatística (FEE), em que havia estagiado na década de 1970, quando cursava a Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Sua saída aconteceu em 1993, ano em que foi nomeada para a Secretaria de Energia, Minas e Comunicações. Durante o governo de Olívio Dutra (PT), eleito em 1998, ocupou o mesmo cargo.
Filiação ao PT
Dilma se filiou ao PT em 2000. Na época, as relações entre PDT e PT (partidos parceiros) começavam a se desgastar. Brizola, líder do primeiro, reclamava do pouco espaço que ele e seus companheiros tinham no governo petista. A disputa se acentuou nas eleições de 2000, quando o PDT indicou Collares mais uma vez para a prefeitura de Porto Alegre e o PT indicou Tarso Genro. Dilma, por “não aceitar alianças neoliberais e de direita", apoiou a candidatura de Tarso, que saiu vitorioso.
Chegada ao Ministério
O engenheiro nuclear Luiz Pinguelli Rosa, responsável por coordenador discussões relacionadas a minas e energia durante a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência, em 2002, era o principal cotado para assumir a pasta caso o petista fosse eleito. Todos se surpreenderam quando Dilma – até então desconhecida para o grande público – foi a escolhida. Seu bom desempenho nas secretarias municipais e estadual e também seu bom relacionamento com líderes do PT (como Antonio Palocci e Olívio Dutra) teriam pesado na escolha.
Casa Civil
Em 2005, durante o governo Lula, Dilma deixou o ministério para assumir a Casa Civil – órgão diretamente ligado ao chefe do Poder Executivo. O antigo responsável, José Dirceu, havia deixado o posto por envolvimento com o esquema do mensalão. Fontes próximas ao presidente contaram, anos depois, que ele a escolheu por ter se surpreendido positivamente com sua coragem e sua capacidade técnica (especialmente por ter evitado outro apagão no País) na gestão de Minas e Energia.
Enfim, a Presidência
Embora Dilma ainda não fosse muito conhecida, já era apontada como possível candidata à sucessora de Lula em 2007. Sua candidatura foi oficializada em 13 de junho de 2010. Michel Temer (PMDB), então presidente da Câmara, foi escolhido como vice. Assim como acontecera com Lula, a petista recebeu o apoio de diversas personalidades, como Chico Buarque, Alceu Valença e Oscar Niemeyer. Elegeu-se com 56% dos votos, vencendo o candidato José Serra (PSDB) no segundo turno, e se tornou a primeira mulher a assumir a Presidência da República do Brasil.
Reeleição e segundo mandato
Por ter alcançado bons indicadores sociais, Dilma manteve alto índice de popularidade durante seu primeiro mandato. Por outro lado, o envolvimento do PT em duas grandes investigações de corrupção (Mensalão e Operação Lava Jato) fez com que ela se tornasse alvo de críticas duras de candidatos de outros partidos – especialmente Aécio Neves (PSDB), com quem teve inúmeras discussões em debates televisivos. A campanha de 2014, por sinal, é considerada uma das mais agressivas da história.
51,57% contra 48,43% dos votos. Além de ter sido uma das mais agressivas, a eleição deste ano foi também uma das mais acirradas. Em seu segundo mandato, iniciado em 2015, a presidente terá uma série de desafios. Os eleitores esperam, por exemplo, que ela cumpra as promessas de criminalizar a homofobia, realizar um plebiscito pela reforma política e estabilizar a economia.