O Ministério Público Estadual acredita ter descoberto de onde saiu parte do dinheiro usado para o pagamento dos empréstimos feitos pelo presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, José Riva (PSD), junto ao empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, dos cofres públicos. Em uma das 5 ações civis propostas em decorrência da Operação Ararath, os promotores do Grupo Especial de Trabalho afirmam que compras de produtos de informática e expediente que nunca foram entregues resultaram no desvio de R$ 42 milhões das contas do Legislativo, R$ 62 milhões em valores atualizados.
Para conseguir realizar o esquema, Riva, segundo o MPE, teria cooptado servidores e 5 empresas, que participavam de licitações fraudulentas nas modalidades carta convite, pregão presencial e concorrência pública, “sem que houvesse qualquer entrega de eventuais materiais, produtos de informática e papelaria que se simulavam estarem sendo adquiridos. Na verdade, havia apenas a entrega de notas fiscais que serviam para impingir ares de regularidade ao desvio de vultosa quantia em dinheiro do erário”, afirmam os promotores responsáveis pelo caso na ação.
O esquema foi descoberto após a notícia de que uma empresa havia passado a movimentar vultuosas quantias em dinheiro, que não correspondiam ao volume de negócios realizados por ela. Além da análise dos documentos, o GET utilizou depoimentos de Mendonça e do ex-deputado Maksuês Leite, que confirmou o esquema e tem 3 primos entre os empresários acusados na denúncia.
As empresas, para cederem as notas, ficavam com 20% do valor desviado e entregavam os 80% restante ao ex-secretário geral, Edemar Nestor Adams, já falecido. A comprovação ocorreu durante um monitoramento, realizado por policiais vinculados ao Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que flagraram um dos empresários sacando dinheiro em uma agência bancária e entregando a Adams, na residência em que ele morava.