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Desmatamento na Amazônia continua preocupando cientistas

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O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU) divulga hoje (17), na Espanha, uma síntese dos documentos anteriores, voltada para governos e políticos. O desmatamento na Amazônia segue como principal preocupação de cientistas com o Brasil.

Para o pesquisador do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e integrante do IPCC, Paulo Artaxo “não é correto” deixar só com o país a tarefa de manter “a Amazônia de pé”. “Uma nova ordem mundial vai ter que se estruturada para lidar com esses problemas”, disse.

O especialista lembrou que a distribuição das riquezas do nosso planeta é “muito injusta” e precisa ser revista. “Um americano médio emite mais de 10 vezes o que um brasileiro médio emite e quase 50 vezes mais do que um indiano e chinês. Essa desigualdade é impossível de ser mantida.”

Artaxo enfatizou ainda a necessidade de se implementar políticas públicas para reduzir de forma mais intensa o desmatamento da Amazônia. “O grande Calcanhar de Aquiles do Brasil é a questão do desmatamento da Amazônia que continua de uma maneira completamente descontrolada.”

Segundo o pesquisador, apesar da redução nos últimos três anos da taxa de desmatamento de 20 mil quilômetros quadrados por ano para 10 mil quilômetros quadrados por ano, ainda há muito o que fazer. “Dez mil quilômetros quadrados de destruição de floresta é uma área absolutamente intolerável para a população brasileira.”

Para Artaxo, o governo brasileiro tem que frear o processo de ocupação desordenada da Amazônia, o avanço da cana-de-açúcar e da pecuária sobre a região, e atuação de madeireiros.

Apesar disso, ele afirmou que o Brasil tem vantagens estratégicas devido à implantação do programa do álcool e matriz energética com base em recursos renováveis.

“O Brasil tem potencial de se tornar de uma potência ambiental muito grande, mas precisamos ser mais espertos e inteligentes e usar os nosos recursos naturais de uma maneira esperta. Usar economicamente a floresta sem destruí-la.”

No caso das indústrias, Artaxo defendeu aumento da eficiência energética e criação de mecanismos para compensar as emissões de carbono. Segundo o especialista, o cidadão também pode contribuir com a substituição da gasolina (que emite poluentes para a atmosfera) pelo álcool, por exemplo.

“O álcool, do ponto de vista de emissão de gases de efeito estufa dá uma contribuição praticamente desprezível para o efeito estufa”, lembrou o professor. Outras atitudes enumeradas por Artaxo são a redução do consumo de água e energia e o uso de materiais recicláveis.

“Você pode imaginar que é uma contribuição pequena, mas se multiplicar isso por bilhões de pessoas do nosso planeta pode fazer a toda a diferença. Mas é importante entender que a maior parte depende de políticas públicas, como a redução do desmatamento da Amazônia.”

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