O governador Blairo Maggi convidou o desembargador José Ferreira Leite, ex-presidente do Tribunal de Justiça, para compor sua chapa majoritária no projeto da reeleição, ocupando o cargo de vice-governador. Ele aceitou, prontamente. E não era para menos. Porém, ainda existe a possibilidade de uma “reviravolta” na situação e Ferreira Leite acabar sendo “desconvidado”: se, de fato, o PFL confirmar presença na aliança. Nesse caso, a articulação seria para que Luís Antônio Pagot, atual secretário-chefe da Casa Civil, ficasse com a colocação, prevalecendo a tese de que o vice “quem escolhe é o governador porque é um cargo de sua estreita confiança”. Maggi, no entanto, insiste que Pagot não será candidato a nada.
Em todas as pesquisas qualitativas realizadas pelo Governo, segundo uma alta fonte palaciana, aparece a necessidade de o governador colocar como vice alguém ligado a Baixada Cuiabana e que tenha um perfil que reforçaria a tese de Governo legalista e austero. Um dos nomes simulados foi o de José Ferreira Leite e contou com grande aceitação. Com alta popularidade e com um vice encaixando-se nesse perfil, diz a fonte, o projeto da reeleição não enfrentaria maioria problemas para ser levado adiante em caso do PFL ficar de fora.
Contudo, a situação hoje é bem diferente e pouco favorece ao desembargador. Com a verticalização cada vez mais perto do fim, apesar das ameaças judiciais vindas da OAB e de alguns segmentos partidários, o PFL é tido como “parceiro de primeira hora”. Por outro lado, os próprios dirigentes liberais já não mostram entusiasmo com o projeto da candidatura própria, acreditando que a verticalização cai, o partido fica no apoio a Maggi e, em troca, ganha a condição de ter Jaime Campos como candidato ao Senado. Os liberais apostam que Pedro Henry, do PP, não sairá candidato ao Senado, mesmo tendo sido absolvido das acusações sobre envolvimento no “Caso do Mensalão”. Nesse caso, Ferreira Leite seria substituído por Pagot, homem da mais absoluta confiança do governador.
O quadro, em verdade, caminha para uma disputa controlada. Até aqui, além de Maggi, somente o PT anunciou – e necessita – candidatura própria. É mais provável que a senadora Serys, ainda restando quatro anos de mandato, seja a candidata. Nas avaliações do Palácio Paiaguás, o PT em Mato Grosso não oferece grande perigo, mesmo tentando a chamada “volta por cima” e com a candidatura de Lula se fortalecendo. Na outra ponta da oposição, o PSDB se enfraquece – a ponto de o próprio partido já ter mencionado a estratégia de lutar por uma composição forte nas eleições para Câmara dos Deputados e Assembléia Legislativa, com a tese do “chapão”.
A preferência explícita de Maggi por Pagot é evidente e passa pelo projeto de 2010. Lá, Maggi tem a opção de ser candidato a presidente da República – projeto que foi engavetado, por enquanto – ou seguir na vida pública como senador. É voz corrente entre o grupo do governador, lá trás chamado de “Turma da Botina”, que o vice deve ser alguém que possa seguir as recomendações à risca do próprio Maggi, que tenta estabelecer forma peculiar de Governo. Esse vice deve também ter condições políticas e eleitorais para tentar uma reeleição. Isto é: ser o candidato ao Governo, dando seqüência ao “projeto de poder” do grupo. Pagot, antes de ser “cortado” por Maggi, ensaiva ser candidato a deputado federal.
Mas, por enquanto, permanece de pé o convite a José Ferreira Leite. O desembargador deverá ser candidato a vice pelo PP, partido de Pedro Henry, que acabaria entrando de alguma forma na chapa majoritária. Apesar de negar com veemência, Henry deverá acabar tentando a reeleição, em que pese o fortalecimento da sigla firmado sob compromissos políticos. “O PP vai avaliar isso de alguma forma e buscar um entendimento” – frisou a fonte palaciana.