Uma parte dos parlamentares da Assembleia Legislativa tem se manifestado favorável para ser concedida liberdade do deputado Gilmar Fabris, preso há uma semana, acusado de obstrução de justiça na investigação da Polícia Federal que fez buscas e apreensões de documentos após delação de Silval Barbosa, que pagamento de propina. Até o momento, o legislativo estadual se vê impedido de decidir sobre a permanência do deputado no Centro de Custódia de Cuiabá. Primeiro-secretário da Assembleia, Guilherme Maluf (PSDB), também foi citado na delação de Silval, assim como Fabris, afirmou que o parlamento deve recorrer para conseguir o direito de votar sobre a prisão de Fabris, o que é permitido por lei. O artigo 29 da Constituição Estadual estabelece que parlamentares não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, desde a data da expedição do diploma. O artigo estabelece prazo de 24h para notificação à Assembleia para que, pelo voto secreto e da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
“Eu sou favorável à liberação do Gilmar, é uma prerrogativa da Assembleia, e acredito que o deputado nesse caso específico não estava fugindo, é muita imaginação pensar em fugir de uma policia federal. Ele é inteligente, não faria isso. O Fux teve um bom senso enorme na decisão dele, então não teria porque uma pessoa fugir”, disse Maluf.
O deputado estadual Wancley Carvalho (PV) que é membro da Comissão de Ética, explica que é preciso avaliar os fatos do pedido de prisão. “É preciso saber o motivo da prisão. É importante ter acesso aos autos para se fazer um parecer e não em cima de opiniões. Tem que ser uma decisão técnica. Não podemos condenar alguém sem provas, mas é preciso avaliar bem essa situação”.
O presidente da comissão, Leonardo Albuquerque(PSD) afirma que como um agente público escolhido pela população é preciso ter cautela quanto a condenação precipitada. “É um momento importante e temos que respeitar o que é legal, mas o deputado é um agente público escolhido pela população e tem prerrogativas quanto ao seu cargo. A Assembleia vai buscar meios de saber como pode se portar nessa situação, porque é algo novo para o parlamento”.
O deputado Romoaldo Júnior (PMDB) disse que também votaria pela liberação. "Gilmar é um cara experiente e jamais faria isso, não estava se escondendo de ninguém. Meu voto é pela liberação porque como os demais deputados ele tem direito de se defender em liberdade".
Para justificar o pedido de prisão contra o deputado estadual Gilmar Fabris (PSD), que foi decretado pelo ministro Luiz Fux, a Procuradoria-Geral da República, ainda sob o comando de Rodrigo Janot, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o parlamentar sabia que era alvo de mandado de busca e apreensão a ser cumprido pela Polícia Federal na última quinta-feira (14) e saiu do imóvel antes da chegada dos policiais, levando uma pasta onde haveria documentos.
O deputado José Domingos Fraga Filho disse que se sente "impedido de votar até porque faço parte desse contexto que o Gilmar Fabris está envolvido, até para não atrapalhar uma possível investigação. Isso é um sentimento meu, não sei os outros, cada um tem uma maneira de analisar”, disse.
A Assembleia ainda não manifestou quando deve votar a matéria que trata da prisão de Gilmar Fabris.