Assediado por vários partidos, principalmente pelo PMDB e DEM, após ter sido destituído do cargo de presidente estadual do PSB, o deputado federal Fábio Garcia demonstra já ter escolhido seus rumos na política. Ele admitiu publicamente que foi convidado e que vai participar de uma reunião, em Brasília, com outros colegas que também foram alvos da comissão de ética do PSB após votarem a favor da reforma trabalhista, para discutir um novo programa político dos Democratas.
“Vai ter um jantar de alguns poucos parlamentares para discutir o programa de um novo DEM, de um partido mais ao centro. E a gente vai discutir esse programa”, afirmou Garcia em entrevista à rádio Capital FM, esta manhã.
Ele foi questionado se também haveria uma nova reunião com o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM), que é quem tem articulado a reformulação da legenda em um projeto de fortalecimento e possível tomada de poder, já que é o sucessor natural do presidente Michel Temer (PMDB), que, por sua vez, vive momentos tênues diante da possibilidade de ser denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), o que depende da votação que pode ocorrer nesta semana, na Câmara.
Fábio Garcia também admitiu que tem participado de conversas com Maia, mas negou uma nova reunião com ele. “Essas conversas de fato estão acontecendo. Eu desconheço que a gente vai ter uma reunião com o Rodrigo Maia esta semana”, disse.
De acordo com Garcia, o projeto do DEM, ao convidar todos os deputados em problemas com a comissão de ética dentro do PSB, é se tornar o terceiro maior partido do país. “O DEM foi um desses partidos que viu na possibilidade da migração desses deputados, de se tornar talvez a terceira maior força política do Brasil. O DEM hoje tem 31 deputados. Se esses 16 deputados migrassem em conjunto pro DEM, o DEM ficaria com 47 deputados. Com uma posição estratégica que exerce hoje o presidente da Câmara Rodrigo Maia por ser vice-presidente da República, pela fragilidade do governo Michel Temer e a perspectiva, possibilidade eventualmente, se algo acontecer, dele assumir a Presidência. O que acontece é que o DEM se posicionou de forma bastante estratégica e passou a ser então uma alternativa que é olhada com bons olhos por todos da Câmara”.
Então, o DEM se fortaleceu muito e se enxerga nessa possibilidade, uma possibilidade do DEM se fortalecer muito sem causar nenhum trauma em nenhum partido político porque nós, os 16, já vivemos numa situação muito desconfortável no PSB.
Garcia também afirmou que os Democratas são uma opção “interessante” por conta de sua nova remodelação, da qual ele foi convidado a participar. “O DEM parece ser uma opção bastante interessante pra todos nós, em especial nessa disposição de fazer um novo partido, de fazer uma pauta um pouco mais ao centro, que é o que nos agrada bastante”.
Mesmo que não seja em Brasília, em Mato Grosso, as articulações também ocorrem por meio dos principais líderes democratas: o presidente e deputado estadual Dilmar Dal Bosco, o secretário de Assuntos Estratégicos de Várzea Grande Jayme Campos e o ex-governador Júlio Campos.
“Eu, particularmente, já conversei com o Jayme, com o Júlio, conversei com o Dilmar até porque se existir uma migração nossa pro DEM, eu quero que ela seja feita com transparência, com respeito. Não como foi feita a migração do deputado Valtenir [Pereira] pro PSB, sem diálogo nenhum, chegando e destituindo diretórios e não respeitando o trabalho que foi feito”, destacou, sem deixar de aproveitar a oportunidade para alfinetar o atual presidente do PSB em Mato Grosso.
As conversações com o DEM em Mato Grosso, conforme Fábio Garcia, mostram que não há resistência dos filiados, mas que ainda são prematuras e não há decisão do bloco político do PSB, que está descontente com a atual situação pós-retorno de Valtenir. “Como essas conversas com o DEM ainda são muito prematuras, nós não fizemos uma conversa ainda de grupo político com os líderes do DEM. Ainda são conversas preliminares, não tem nada fechado”.