O deputado estadual Dilmar Dal" Bosco (DEM) visitou, ontem, o município de Luciara, na região Araguaia, onde centenas de famílias se revoltaram contra o Governo Federal por conta de um processo de desapropriação de 198 mil hectares para criação de uma Reserva Extrativista ou Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS).
A demarcação foi tratada em audiência pública, da Assembleia Legislativa, em junho, onde cerca de 500, dos 2 mil habitantes locais, manifestaram-se contrários a RDS. Para tentar barrar a demarcação, eles criaram um movimento popular que nos dias 21 e 23 de setembro fechou o acesso ao município.
O manifesto culminou com a prisão de duas pessoas, aumentando o clima de tensão entre os moradores. "Sem indústrias ou comércio, a economia de Luciara, que já foi uma das maiores cidades da região Araguaia, entrou em colapso nos últimos anos, dependo apenas da atividade agropecuária. A criação da RDS engessará de vez a sobrevivência dessas pessoas, que já falam em abandonar o município", denunciou Dilmar.
Com quatro reservas indígenas localizadas em seu território e oito Unidades de Conservação Municipal, Luciara enfrenta dois processos de demarcação, que podem inviabilizar a economia local. O primeiro e mais emergente deles trata-se da criação da Reserva Extrativista, onde a área passaria a ser utilizada apenas para a agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte.
A RDS deve ocupar cerca de 200 mil hectares e sua implantação é iminente, dependendo apenas do parecer do Instituto Chico Mendes que visitou o local no final de 2012.
"Eles não são contrários à criação de uma Reserva Extrativista, reivindicam apenas que o projeto se limite a área tradicionalmente ocupada pelos retireiros, já que o aumento da reserva significa a expulsão dos produtores", afirmou o deputado.
Outra preocupação da população do Araguaia é quanto à demarcação de Terras Indígenas na região, já que atualmente a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) estuda 72 processos para criação de novas Reservas somente no Estado de Mato Grosso.
Dilmar disse que existem distorções nas informações divulgadas pela imprensa de Mato Grosso quanto aos manifestantes de Luciara. "Não se trata de grandes fazendeiros, mas de pequenos agricultores e de uma parte dos próprios retireitos que moram na terra há mais de 20 anos e discordam da ampliação da reserva indígena", afirmou o parlamentar.
A advogada da Associação de Produtores Rurais e Retireiros do Araguaia, Noeli Paciente Luz, afirmou que os ‘incidentes" ocorridos durante o manifesto, como a queima de duas casas, não tem nenhuma relação com o movimento orquestrado pelos ocupantes das áreas.
"Até mesmo parte dos retireiros são contra essa unidade de conservação, pois, no processo, diz que essas pessoas serão desapropriadas", disse ela, ao reclamar que poucos moradores estão sendo ouvidos para criação da reserva. "Procuraram apenas a família do presidente da Associação de Retireiros e ninguém sabe quem terá direito às terras", pontuou.
A informação é da assessoria.