Da tribuna da Assembleia Legislativa, na sessão de ontem, o deputado Emanuel Pinheiro (PR) denunciou represália do governo do Estado, através de demissões de cargos comissionados indicados por ele na gestão passada. Pinheiro disse ter sido “alertado” por interlocutor do governo na quinta-feira passada a respeito das dispensas. Já o secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, negou eventual retaliação aos atos de Pinheiro, assegurando serem “constantes as exonerações pertinentes à gestão passada”.
A decisão do governo do Estado, interpretada como “represália” pelo republicano abre caminho para eventual oposição ferrenha. “Não disputo essa corrida contra o tempo com absolutamente ninguém, a não ser comigo mesmo querendo sempre me superar e vencer a mim mesmo. É com essa maturidade, com esse equilíbrio que acabo de tomar conhecimento, por isso resolvi me manifestar. Recebi com total naturalidade a decisão do governo Pedro Taques de exonerar todos os cargos comissionados que ainda restavam indicados pelo deputado Emanuel Pinheiro na gestão passada. Tudo porque eu ousei ser independente. Tudo porque eu ousei falar o que eu penso. Tudo porque eu ousei nunca desistir dos meus sonhos. Na quinta-feira fui alertado, não entrei nesse jogo, não faço jogo pequeno. Não sou mesquinho e achei que era uma decisão tomada destemperada pelo momento político que Mato Grosso vive. Hoje vários companheiros se dirigiram a mim e falaram que foram sumariamente exonerados e os comentários eram que o ocorrido é porque eram indicações do deputado Emanuel Pinheiro, que se colocou independente com relação ao governo do Estado”, disparou.
Disse ainda que “não vou fazer dessa conduta do governo, um campo de batalha. Mas não vou me calar ante a esse ato. Nada cala minha consciência, nada me detém de falar aquilo que penso, aquilo que acho que é melhor para o povo de Mato Grosso, porque o meu compromisso não é com o governo do Estado. É com a população mato-grossense. Não vou ser pequeno, rasteiro e mesquinho de torcer pelo quanto pior melhor, e tentar atrapalhar ou prejudicar o governo, porque me retaliou com esses cargos. Serei independente na minha missão, sendo uma delas de fiscalizar os atos do Poder Executivo”.
Pinheiro deixou o Executivo em posição de saia-justa quando questionou a “constitucionalidade” do decreto 53/2015, do governo, impondo descontos para quitação de restos a pagar. A decisão do governo despertou no parlamentar a postura de oposicionista velado da gestão Pedro Taques. Pinheiro classificou a decisão como equivocada.
Emenda de Pinheiro apresentada no dia 9 deste mês, à mensagem 25/2015, de autoria do Poder Executivo, incluindo a revogação do Decreto 53, de 1º de abril de 2015, assinado pelo governador Pedro Taques (PDT), cobrava o cumprimento a Emenda Constitucional 86/2015, que exige que matérias de cunho de restos a pagar tem que passar pelo Legislativo. Sua postura crítica gerou descontentamentos no Palácio Paiaguás.
O secretário Paulo Taques demonstrou estar surpreso com a reação de Pinheiro. Fez questão de frisar que as exonerações “atingiram” a maioria dos deputados estaduais, em indicações pertinentes à gestão passada, ou seja, relativas ao governo Silval Barbosa (PMDB). Negou serem as indicações do republicano ocorridas na gestão Pedro Taques. Disse ainda que a posição do parlamentar “não preocupa”, porque as críticas fazem parte do regime democrático do Estado.