Deputados federais debateram hoje, em audiência pública, com produtores e representantes de famílias da antiga gleba Suiá Missú, no Araguaia, a situação que estão passando depois de terem sido obrigadas, por ordem judicial, a deixarem terras que são consideradas indígenas. O deputado Nilson Leitão disse que o ponto mais importante da reunião é que exista uma conversa franca para que ninguém se sinta enganado. “O que eu posso dizer a vocês é que pode ser difícil reaver tudo que já foi perdido, pois o dano causado foi muito grande, mas de jeito nenhum vamos deixar de lutar pelos direitos de tantas famílias. Entendo que quando se toma a terra de quem está residindo no local há mais de 20 ou 30 anos, não está tomando apenas a propriedade e sim a história dessas famílias”, diz.
Segundo o representante do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra, Richard Torsiano, é preciso conhecer o território brasileiro e seus problemas para que a atuação do órgão seja feita de forma correta em cada região, e esse processo de atuação é extenso. “Existe uma deficiência nesse processo causada pela morosidade, o que dificulta o acesso dessas famílias aos programas de políticas públicas. Nós estamos dispostos a trabalhar conjuntamente para levar socorro a essa comunidade”, expõe.
Leitão pediu ao governo que seja colaborativo e deixe a formalidade, pois “prejudica a busca de soluções”. Continuou dizendo que o atual modelo de atuação utilizado tanto para a demarcação quando para as desocupações são feitos de forma equivocada, sem a devida coordenação “para que a desintrusão fosse feita de forma menos agressiva possível e com uma assistência posterior”.
Para os produtores e representantes que estavam na audiência, a situação é de total calamidade e dizem se sentir esquecidos pelo governo depois de serem tratados de forma tão desigual. De acordo com relatos explanados na ocasião, os produtores e índios viviam em perfeita harmonia antes das demarcações e era desnecessário que tantos sonhos e famílias fossem destruídos de forma tão violenta.
“O ministro da Justiça foi omisso pois nos reunimos varias vezes buscando soluções e nada foi feito. Não queremos agora relembrar e avivar todo sofrimento e toda dor que passaram, mas o que devemos fazer agora é transformar tudo isso em uma proposta de atuação para socorrer todos os desabrigados e desamparados, além de criar estratégias para evitar que aconteça o mesmo com outras famílias que estejam em situação parecida. Vamos pensar no futuro!”, diz o deputado.
Leitão considera a audiência um ponto de partida para elaborar um plano diretor para tratar sobre as questões indígenas, tendo imparcialidade e igualdade em todos os casos. “A Funai não quer debater o assunto como um todo, quer tratar pensando somente no seu interesse. Trabalha de forma errada, equivocada, e não entende isso. É preciso ter sensibilidade tanto com o produtor e com o índio”, critica.