PUBLICIDADE

Deputada e empresário de Mato Grosso são citados em inquérito na Lava Jato

PUBLICIDADE

A deputada estadual Janaina Riva (PMDB) e seu irmão José Geraldo Riva Júnior foram citados em um inquérito da Operação Lava Jato, que apura crimes de lavagem de dinheiro envolvendo o doleiro Lucio Bolonha Funaro, acusado de ser o operador dos esquemas do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso em Curitiba. A investigação do Ministério Público Federal (MPF) também envolveu o empresário Valdir Piran, do ramo de factoring em Mato Grosso, que já é investigado em duas operações em âmbito estadual: a Ararath e a Sodoma.

O documento cita “transações suspeitas” entre as empresas do doleiro e a empresa Floresta Viva Exportação de Madeira Terraplanagem, pertencente a Janaína e Riva Júnior, filhos do ex-deputado José Riva, e com o empresário Valdir Piran.

A deputada afirmou que não tem conhecimento das transações, e disse que seu pai é quem administra a empresa. O advogado de José Riva confirmou a versão de Janaina. Já Valdir Piran ressaltou a "legalidade" dos pagamentos

De acordo com o inquérito, que resultou na prisão de Funaro em julho do ano passado, o doleiro possuía várias empresas de fachada que serviam para lavar o dinheiro ilícito arrecadado por Cunha em seus esquemas.

Entre as empresas estavam a Cingular Fomento Mercantil, a Royster Serviços S/A e  a Viscaya Holding Participações. Segundo as investigações, Funaro também se envolveu em diversos esquemas de repercussão nacional, como o Mensalão, Escândalo do Bancoop e Operação Satiagraha.

“Funaro é, ainda, responsável por diversas empresas que não possuem atividade lícita e que continuam a fazer exatamente aquilo que ele fazia e foi apurado – e inclusive confessado por ele – na época do Mensalão: a lavagem de valores para políticos”, disse o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que assinou o pedido de prisão.

Em um dos trechos do documento, Janot cita que a Viscaya Participações é uma das principais empresas utilizadas por Funaro para lavar dinheiro.

“Isto ficou claro não apenas pela grande quantidade de Comunicações de Operações Suspeitas, mas sobretudo porque o próprio Funaro, ao ser questionado sobre a movimentação, afirmou 'ser bem relacionado no meio político e que precisava deste relacionamento para agilizar processos de obtenção de crédito'".

Entre as movimentações financeiras citadas no documento está um depósito de R$ 300 mil feito por Valdir Piran em favor da Viscaya. Janot chegou a citar o histórico criminal do empresário para embasar as suspeitas.

“A Viscaya teve movimentação financeira de aproximadamente R$ 25.000.000,00 entre 26/ 4/2012 e 28/5/2013 em sua conta. Ela recebeu créditos da Contern, da J&F Investimentos S/A e da Eldorado, as últimas do Grupo JBS, ligadas a Joesley Mendonça Batista. Também recebeu R$ 300.000,00 de Valdir Agostinho Piran, o qual já foi condenado a 17 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro, formação de quadrilha e lavagem de capitais e que foi também investigado na Operação Ararath, realizada no Estado do Mato Grosso”.

O procurador-geral também classificou como “interessante” o fato de a empresa Floresta Viva posteriormente ter recebido depósito de R$ 300 mil da Viscaya, mesmo valor repassado anteriormente por Piran à empresa de Funaro.

“Interessante apontar que a conta da Viscaya, assim, recebeu R$ 300.000,00 de Valdir Agostinho Piran e, depois, repassou a mesma quantia para Floresta Viva, empresa de José Geraldo Riva Junior e Janaína Greyce Riva”.

No documento, Janot ainda afirmou que Riva Júnior e Janaina são investigados na Operação Ararath, que apura delitos de corrupção, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro nacional.

As negociações de Piran com o ex-chefe do crime organizado em Mato Grosso, João Arcanjo Riveiro, também foram mencionadas por Janot.

“Valdir Piran é conhecido por ligações com João Arcanjo Ribeiro, "o Comendador", e, ainda, com operações ilegais no sistema financeiro, sendo proprietário da empresa Piran Sociedade de Fomento Mercantil Ltda. A empresa transferiu também R$ 278.364,22 para a Cibraci Construções S/A, que possui como sócios Teófilo Guiral Rocha e Naji Nahas [advogado e empresário, respectivamente, alvos da Operação Satiagraha]”.

Suspeitas
As suspeitas sobre as atividades da Viscaya tiveram embasamento em várias situações. Uma delas é o fato de a empresa ter movimentado R$ 5,3 milhões entre abril e maio de 2013, e cadastrado “várias contas em uma mesma data, ou em curto período, com depósitos de valores idênticos ou aproximados ou com outros elementos em comum”.

Outra suspeita de Janot foi a atipicidade em relação à atividade econômica dos clientes da Viscaya “e movimentação de valores incompatíveis com a atividade”.  “Ademais, a forma de movimentação de recursos era incompatível com empresas que desenvolviam o mesmo ramo de atividade, em especial pela "triangulação" de valores entre as empresas Viscaya, Royster e Araguaia, sem justificativa aparente. Segundo se apurou, as contas da Viscaya e da Araguaia foram abertas em prazos curtos de tempo e apresentam vários elementos em comum, tais como origem dos recursos e endereço comercial. Inclusive, o banco proibiu a emissão de cheques administrativos para a Viscaya, por ter desviado a sua finalidade”, disse Janot.

 

Outro lado
"Meu pai era quem administrava a empresa, através de procuração. Então todas as operações são assinadas por ele", disse O advogado de José Riva, Rodrigo Mudrovitsch, reforçou a posição da deputada e acrescentou que todas as operações mencionadas no inquérito já foram explicadas por Riva no Ministério Público Federal (MPF). "A empresa Floresta Viva sempre foi administrada por José Riva. Nessa qualidade, sempre foi ele quem tomou as decisões empresariais e prestou conta às autoridades a respeito da empresa. As operações mencionadas no inquérito referido pela reportagem já foram exaustivamente explicadas por José Riva ao MPF em investigações que tramitam sob sigilo. Atualmente, não há qualquer aspecto da vida de José Riva que não tenha sido explicado e documentalmente comprovado ao MPF", disse Mudrovitsch.

Já a assessoria de Valdir Piran informou que o repasse de R$ 300 mil à Viscaya foi motivado pela compra de uma Lamborghini de Funaro. A assessoria informou que o empresário declarou a compra em seu Imposto de Renda e possui toda a documentação para comprovar a licitude do negócio.

 

 

 

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias
Relacionadas

PUBLICIDADE