O quadro sucessório em Cuiabá continua mudando. Depois do deputado Sérgio Ricardo (PR), o próximo que deverá desistir da pré-candidatura a prefeito de Cuiabá é Carlos Abicalil, deputado federal pelo PT, apontado como um dos nomes mais fortes no contexto político da oposição ao prefeito Wilson Santos, do PSDB. Parlamentar federal, com trânsito em vários ministérios, Abicalil deverá optar por continuar em Brasília. “É quase certo que no final de abril ele anuncia sua decisão de não entrar na disputa eleitoral deste ano” – avaliou uma alta fonte política.
Apesar dos números que indicam uma possibilidade de disputa pelo cargo e de um eventual apoio do partido do governador Blairo Maggi, o PR, Abicalil não demonstra, até aqui, qualquer sinal de ânimo para enfrentar novamente às urnas. Tanto que, internamente, pediu prazo para responder se aceitará ou não que seu nome seja avaliado pelo conjunto do partido para indicação. “Abicalil demonstra claramente de que não está disposto a ser submetido a uma avaliação agora” – frisou.
Os motivos reais desse desânimo estariam diretamente ligados a sua atuação parlamentar em Brasília, segundo interlocutores. O parlamentar federal tem dito se sentir absolutamente adaptado a rotina do Congresso Nacional, onde vem ganhando espaço junto às lideranças do seu partido e do próprio Governo. “Ele acha que pode ajudar o Governo mais lá, inclusive o próprio Estado” – destacou.
Os sinais emitidos por Carlos Abicalil já teria, inclusive, sido captados pela direção do PT. Tanto que a sigla já abriu consultas internas para ver quem estariam disposto a disputar a eleição. O primeiro consultado foi o médico Alencar Farina. Também serão chamados Vicente Vuolo, ex-vereador, e ainda a senadora Serys Slhessarenko, além do próprio Abicalil. “Até 30 de março teremos uma definição” – afirmou Wilson Aguiar, presidente do Diretório Municipal.
Candidata ao Governo do Estado na eleição passada, Serys apareceu em segundo lugar numa pesquisa de consumo interno contratada pela sigla. Nessa consulta, Abicalil é o primeiro colocado. Farina e Vuolo, segundoo dirigente partidário, estão empatados nas posições seguintes. Todo o processo de consulta deverá estar concluído, pelo calendário do petista. “Com prévia ou sem prévia” – frisou Aguiar, ao desconversar sobre uma eventual desistência de Abicalil.
A possibilidade de Carlos Abicalil abdicar da disputa devolve ao Partido da República a possibilidade de ter candidato próprio. No caso, seria Sérgio Ricardo. Porém, o parlamentar estadual já desistiu de “convencer” os correligionários republicanos da viabilidade de seu nome. A questão é de “garganta política”: desde a eleição a prefeito de Cuiabá em 2004, Sérgio Ricardo enfrenta duras resistências. A decisão de seguir no grupo de Maggi sob a garantia de uma candidatura a prefeito acabou sendo “minada” na base, antes que o parlamentar avançasse na candidatura.
Sérgio Ricardo,segundo interlocutores, teria optado por assegurar o cargo de 1º Secretário da Mesa Diretora. À disposição tinha ainda o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), cuja vaga deverá ser aberta no máximo até o começo do próximo ano. “Ele tem um patrimônio eleitoral considerável e vai tentar mantê-lo” – disse um influente político. Aguarda-se para as próximas horas que o parlamentar anuncie sua decisão: ele espera o melhor momento para dizer que não é candidato. Aliados em potencial como o deputado Walter Rabello, do PP, já estariam contabilizando o apoio político do deputado.
Sem Abicalil e com Sérgio Ricardo fora, o nome mais forte de uma eventual aliança entre republicanos e petistas passa a ser o do empresário Mauro Mendes, da Bimetal. Nome dos sonhos do governador Blairo Maggi, diga-se de passagem. Mendes é atualmente presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt).