O reinterrogatório do ex-secretário de Estado de Educação, Permínio Pinto (PSDB), que estava programado para ocorrer, esta tarde, foi cancelado pelo juiz Jurandir Florêncio de Castilho Júnior, substituto legal da juíza Selma Rosane Santos Arruda na 7ª Vara Criminal.
Permínio, que é réu na ação penal decorrente da operação Rêmora, daria detalhes de como ocorreram as propina que recebeu do empresário Giovani Guizardi, dono da Dínamo Construtora e da Guizardi Júnior Engenharia, para fraudar licitações da pasta e “lotear” as obras previstas de construções e reformas de escolas somente entre quem pagasse valor indevido.
O ex-secretário do governador Pedro Taques (PSDB) já havia prestado depoimento à juíza Selma Arruda no dia 15 de dezembro do ano passado, quando confessou ter recebido dinheiro ilícito de Giovani Guizardi e se prontificou a preparar provas detalhadas do quanto havia recebido e apresentar em novo interrogatório. A defesa dele, no entanto, não conseguiu juntar o material e pediu que o depoimento fosse adiado.
O juiz Jurandir Florêncio indeferiu o pedido de adiamento, entendendo que já se passaram quase seis meses do primeiro interrogatório, o que seria tempo “mais que suficiente para o levantamento das informações”. A defesa ainda pediu a desistência do reinterrogatório, o que foi acatado pelo magistrado.
Após ter feito a confissão à justiça, o ex-secretário obteve, a exemplo de outros réus na ação, prisão domiciliar depois de passar um período no Centro de Custódia de Cuiabá. Na semana passada, a juíza auxiliar da Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Ana Cristina Silva Mendes, manteve as prisões domiciliares, que era contestadas pelas defesas de Permínio Pinto e Giovani Guizardi.
Em maio do ano passado, o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) deflagrou a operação contra servidores da Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc) e empreiteiros que mantinham contratos de construção e reforma de escolas estaduais em Cuiabá e no interior.
Por meio de gravações, foi descoberto que Giovani Guizardi seria o operador do esquema de cobrança de propina dos empresários que tivessem interesse em concorrer às licitações das obras. Um cartel teria sido formado e supostamente coordenado por outro empresário, Luis Fernando Rondon, que se tornou delator logo no início da operação.
Na segunda fase da investigação, Permínio Pinto foi apontado como líder do esquema e preso, em julho de 2016. Em dezembro do ano passado, após delação de Giovani Guizardi, ficou esclarecido que o esquema surgiu após acordo do empresário Alan Malouf, que seria o verdadeiro líder, juntamente com o deputado estadual Guilherme Malouf (PSDB) e Permínio Pinto (PSDB), pelo fato de ter colaborado com R$ 10 milhões em caixa dois na campanha do governador Pedro Taques. Á época, os políticos citados negaram as acusações.