A Executiva do Diretório Regional do Democratas decidiu não aceitar a candidatura do deputado estadual Mauro Savi nas eleições deste ano. A decisão do partido que está sob a presidência do deputado Fábio Garcia, mas que historicamente sempre foi comandado em Mato Grosso pelos irmãos Jayme e Júlio Campos, foi tomada, ontem.
O posicionamento será homologado na convenção partidária que ocorrerá hoje, ocasião em que o registro do político será oficialmente negado.
O parlamentar está preso no Centro de Custódia da Capital desde o dia 9 de maio, quando foi alvo da 2ª fase da Operação Bereré que desmantelou um esquema de propina de mais de R$ 30 milhões que funcionava no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MT). Savi é apontado pelo Ministério Público Estadual como um dos chefes do esquema.
A postura do partido pode dificultar ainda mais a situação jurídica do deputado, já que um dos argumentos que sua defesa poderia utilizar de agora em diante, era que ele precisava fazer sua pré-campanha como os demais candidatos para disputar em condição de igualdade. Mas isso, se sua candidatura fosse aceita e homologada durante a convenção do DEM.
Acontece que Mauro Savi é um político recém-filiado ao Democratas tendo oficializado sua ida em março deste ano. Antes, integrava os quadros do PSB e foi o deputado estadual mais votado nas eleições de 2014, com mais de 55 mil votos. Dessa forma, parte das lideranças democratas entendem que os problemas de Savi não são de responsabilidade do Partido e poderiam gerar desgastes e até ser utilizados por adversários contra a chapa encabeçada por Mauro Mendes.
Mauro Savi, que exerce seu 4º mandato como deputado estadual, caminha assim, para encerrar sua carreira política e a partir de janeiro do próximo ano não será mais detentor de foro por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado. Quando isso ocorrer, processos e inquéritos contra ele que tramitam no Tribunal de Justiça de Mato Grosso serão remetidos para a 1ª instância e redistribuídos em diferentes varas cíveis e criminais.
Na denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) já aceita pela Justiça, Mauro Savi é acusado de agir como um presidente pois enquanto deputado estadual tinha o completo poder sobre o cargo de presidente do Detran com prerrogativa de determinar quem devia ocupá-lo, bem como de ordenar a exoneração e ou substituição de seu ocupante.
O MP afirma ainda que Savi integrava uma chamada “rede de proteção” do contrato firmado entre a EIG Mercados e o Detran para viabilizar o recebimento de propina. Foi Mauro Savi que indicou Teodoro Moreira Lopes, o Dóia como presidente do Detran. O esquema começou na gestão de Dóia, que hoje é delator do esquema e revelou detalhes de como funcionava o pagamento de propina na autarquia.
Mauro Savi é acusado de também ser um dos líderes do esquema. Segundo um dos depoimentos que embasam as investigações do Gaeco, o deputado chegou a cobrar R$ 1 milhão da EIG Mercados para por fim à cobrança de propina.