O delegado Marcelo Martins Torhacs nega qualquer possibilidade de assumir as investigações de interceptações telefônicas ilegais em Mato Grosso, contradizendo o também delegado Flávio Stringueta, que deixou a função na última sexta-feira (14) por problemas de saúde.
Torhacs é titular da Delegacia de Roubos e Furtos da capital e diz que, embora se sinta lisonjeado por ser lembrado por Stringueta, não teria condições de assumir as investigações devido à grande demanda na delegacia onde é titular. ‘Temos investigações aqui que já estão em curso há meses, inclusive com o setor de inteligência, e eu não teria condições de aceitar esse convite’, explica.
Ainda segundo ele, nenhum convite foi formalizado por parte do delegado geral Fernando Vasco Spinelli Pigozzi, que é quem realmente tem a prerrogativa de indicar ao Tribunal de Justiça o nome do sucessor de Stringueta no caso.
Em entrevista nesta segunda-feira (17), Stringueta afirmou que fez a indicação do nome de Torhacs ao desembargador Orlando Perri. Na última sexta-feira (14), ele anunciou que deixaria o caso em razão de um problema de saúde. Para evitar especulações, o delegado postou fotos do atestado médico e de exames afirmando que foi diagnosticado com uma doença rara, autoimune, chamada ‘Doença de Crohn’. ‘Espero que antes de terminar a investigação eu já esteja pronto para voltar’.
Já sobre a polêmica envolvendo o procurador-geral de Justiça Mauro Curvo, que havia enviado um ofício ‘com tom intimidador’, Stringueta garante que não precisa que ninguém diga a ele o que é um crime.
‘A emenda dele ficou pior do que estava. Ele se refere na nota que eu não poderia investigar o Ministério Público. No oficio ele coloca não apenas isso. Isso mostra desconhecimento completo. Não preciso que um promotor de justiça venha me dizer o que é crime. Não admito receber um oficio que diz que minhas atitudes são criminosas. Se são, promova a denúncia, vamos responder judicialmente. Tanto não são que as investigações vão continuar’.
Conforme Stringueta, no ofício Curvo determinou que todos os procedimentos adotados até o momento acerca da investigação fossem remetidos a ele em um prazo de 24 horas. O delegado declarou que no ofício, de quatro páginas, há um tom de ameaça por parte de Mauro Curvo. Stringueta encaminhou o documento ao desembargador Orlando Perri, responsável pela apuração do caso no âmbito do Tribunal de Justiça.