O delegado Flávio Stringueta, responsável pela investigação do esquema de interceptações clandestinas em Mato Grosso, afirmou em entrevista à rádio Capital FM que recebeu no dia 6 de julho um ofício assinado pelo procurador-geral de Justiça “em tom intimidador”.
Conforme Stringueta, no ofício, Curvo determinou que todos os procedimentos adotados até o momento acerca da investigação fossem remetidos a ele em um prazo de 24 horas, sob pena de incorrer em crime de improbidade administrativa.
O delegado declarou que no ofício, de quatro páginas, há um tom de ameaça por parte de Mauro Curvo. Stringueta encaminhou o documento ao desembargador Orlando Perri, responsável pela apuração do caso no âmbito do Tribunal de Justiça.
Em junho, a OAB apresentou uma noticia-crime e o desembargador do Tribunal de Justiça, Orlando Perri, determinou à Procuradoria-Geral que fizesse a investigação do caso no âmbito do Ministério Público, por suspeita de participação de membros do MPE no esquema de escutas ilegais, que teria ocorrido na modalidade "barriga de aluguel".
Além disso, incluiu a OAB como interessada no processo, de modo a autorizar a entidade a acompanhar as investigações e requerer diligências a fim de elucidar o suposto esquema.
Curvo apresentou o pedido de arquivamento, a exclusão da OAB como interessada, além do restabelecimento do segredo de justiça no processo, sob a alegação de que uma cópia do processo foi encaminhada à Corregedoria Geral do MPE para apreciação dos fatos no âmbito administrativo.
A Procuradoria afirmou ainda que foi instaurado no Núcleo de Ações de Competências Originárias (Naco) um procedimento para apurar o fato no que diz respeito a eventual responsabilidade de promotores de Justiça.
O caso dos grampos só veio à tona após denúncia do promotor Mauro Zaque, em matéria nacional. Existem suspeitas de que mais de mil pessoas possam ter sido grampeadas ilegalmente, entre políticos, magistrados, médicos, empresários e jornalistas.
O episódio já culminou na prisão do ex-comandante da PM, o coronel Zaqueu Barbosa, do secretário da Casa Militar, coronel Evandro Lesco, de seu adjunto, coronel Ronelson Barros, além de outros quatro militares por suposta participação nos grampos.