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Delação de Silval é vista como ‘tábua de salvação’

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A Gazeta (foto: João Vieira/arquivo)

Quando Silval Barbosa, político assumidamente corrupto, exortou colegas a abandonarem a postura defensiva e a colaborarem com a justiça, ficou claro como o ex-governador tomava, a partir de sua delação, uma postura moral. Na quarta-feira (4), quando foi prestar depoimento na Controladoria Geral do Estado (CGE) sobre mais um esquema de corrupção, Silval se colocava como alguém que fez a coisa ‘certa’.

‘Eles estão se defendendo [das minhas acusações], é um direito deles. O que eles deveriam fazer era o contrário, que é colaborar também, contar o que aconteceu e pagar com os erros que nós cometemos’, disse Silval ao citar conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) denunciados por ele.

Se antes o delator, o ‘x9’, o ‘acaguete’ e o ‘dedo duro’ eram vistos como péssimos exemplos, hoje, se tornaram ‘bandidos úteis’, cujo arrependimento pode trazer benefícios, não só para si, mas para toda a sociedade. É o que explica o sociólogo e pesquisador Joel Paese, que leciona na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Segundo Paese, o instituto da delação premiada é hoje uma tábua de salvação a que muitos cidadãos se seguram para evitar a perda de orientação.

‘Não há uma reversão da imagem da pessoa, o bandido não passa a ser bem quisto por ser delator’, pontua. ‘O que existe é uma profunda crise de confiança nas instituições, que potencializa a sensação e o sentimento de perda da ordem’, assinala. Na avaliação do sociólogo, o cenário político atual é uma crise que tem produzido o efeito de perda de referencial em muitos cidadãos, o que causa descrença, desconfiança e até desespero.

‘Esta percepção na sociedade de uma profunda crise moral, nos leva a confiar na delação como uma forma, ou como a única forma, de reverter isso’, disse. ‘Qualquer mecanismo, qualquer dispositivo que gere nos indivíduos a possibilidade de recuperar a orientação, funcionam como uma tábua de salvação para a sociedade’, concluiu.

A avaliação de Paese sobre a delação não é a mesma dos parlamentares mato-grossenses. Três deles assinaram requerimento de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que busca investigar esquemas de venda de proteção em delações premiadas por advogados e delatores.

Ezequiel Fonseca (PP) e Ságuas Moraes (PT) mantiveram o apoio a chamada “CPI dos Delatores”, somente Valtenir Pereira (MDB) retirou sua assinatura. Sob a acusação de desejarem o fim da Operação Lava Jato, os deputados tiveram que vir a público se explicarem. Eles argumentam que a CPI funcionará para impedir que o instituto da delação seja usado sem critérios jurídicos fundamentados.

“Não podemos permitir que uma iniciativa positiva seja mal interpretada pela sociedade e divulgada na imprensa, apenas por interesses político-partidários nesse momento que se aproxima as eleições. Reitero que a intenção da instauração da Comissão foi deturpada, esclarecendo através deste, qualquer dúvida relacionada à questão”, afirmou Fonseca.

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