Uma grande parte dos esquemas delatados pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB) tinham como destino o financiamento de campanhas eleitorais. Entre os políticos citados está o deputado federal Carlos Bezerra (PMDB), a esposa do ex-deputado estadual José Riva, o vice-governador Carlos Fávaro (PSD), o ministro da Agricultura Blairo Maggi (PP) e também o ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB).
Na campanha de 2014, Silval teria feito um empréstimo no valor aproximado de R$ 7 milhões de Valdir Piran para o ex-deputado Riva, em virtude da candidatura de sua esposa Janete Riva ao governo do Estado de Mato Grosso naquele ano. Riva procurou Piran para quitar dívidas de campanha de sua esposa, mas o empresário exigiu um avalista para aceitar fazer a operação.
Diante dos fatos, o ex-parlamentar ligou para o colaborador, em outubro de 2014, pedindo para Silval ser o avalista do empréstimo de R$ 7 milhões, pois ele estava em desespero para pagar os fornecedores de campanha e cabos eleitorais, que estavam ameaçando queimar os comitês de campanha. Piran não aceitou Barbosa como avalista e Riva conseguiu que Blairo Maggi assumisse essa função.
Em outra situação, o atual vice-governador do estado de Mato Grosso, Carlos Fávaro, na campanha de 2010, emprestou aproximadamente R$ 1 milhão para Neri Geller, ex-ministro da Agricultura, atualmente secretário de Política Agricola do Ministério da Agricultura, para que Neri utilizasse na campanha de deputado federal do ano de 2010.
No ano de 2011, Silval foi procurado por Geller e Fávaro, sendo que ambos pediram ajuda do ex-governador para pagar essa dívida de Neri Geller perante Fávaro, pois ele não tinha condições de honrar o compromisso. Silval a principio negou. “Os dois disseram que conheciam um empresário do ramo de móveis chamado Osvaldo Martinello, de Lucas do Rio Verde, sendo que se o ex-gestor concedesse incentivo fiscal para as empresas de Martinello ele pagaria de propina essa divida que Neri tinha com Carlos Favaro”. O esquema foi feito e a dívida quitada por meio de concessão do Prodeic.
Em nota, o vice-governador negou qualquer envolvimento nesse esquema. De acordo com ele, insumos agrícolas foram emprestados de Geller sem transferência de valores. E Silval estaria se aproveitando dessa situação para justificar esquemas na sua gestão.
Para a campanha do deputado federal Carlos Bezerra (PMDB) no ano de 2010, o delator explica que Bezerra teria contraído um empréstimo com ‘Marilena da Construmóveis’ no valor de R$ 4 milhões, no qual Silval era avalista. Bezerra não quitou essa dívida, sendo que o colaborador acabou efetuando o pagamento através dos recebimentos de propinas. O empréstimo foi pago através de retornos em algumas obras realizadas no Estado de Mato Grosso.
No ano de 2008, antes da campanha para a prefeitura de Cuiabá, que tinham como candidatos Wilson Santos concorrendo a reeleição e Mauro Mendes, o então governador do Estado de Mato Grosso, Blairo Maggi, e Mendes pediram para que Silval intercedesse junto a Carlos Bezerra para que o PMDB apoiasse a campanha do socialista e deixando o apoio a Wilson Santos (PSDB). Bezerra pediu R$ 4 milhões pelo apoio e segundo Barbosa a dívida foi paga na gestão de Maggi.
Outro lado:
O presidente do Conselho de Administração da Eletromóveis Martinelli, Osvado Martinello, informou em nota que, "a respeito das declarações feitas pelo ex-governador Silval Barbosa, a Eletromóveis Martinello esclarece:
Apoiamos, incondicionalmente, os trabalhos de investigação que estão ajudando a passar o Estado de Mato Grosso e o país a limpo. Ficamos estarrecidos com a fantasiosa declaração sobre irregularidade na concessão do PRODEIC à nossa empresa e indignados com a tentativa leviana do ex-governador de incutir uma decisão de caráter político ao processo, pois jamais houve pagamento ou favorecimento a quem quer que seja.
A concessão do PRODEIC à nossa, e diversas outras empresas do mesmo segmento, passou por todos os trâmites regulamentares e cumpriu todas as exigências legais e formais, tendo sido aprovada pelo CEDEM – Conselho Estadual e Desenvolvimento Empresarial – que é formado por diversas entidades representativas de classe e órgãos governamentais e homologado pela Sefaz, ou seja, não se tratou de decisão individual do Senhor ex-governador, que sequer participou do processo de enquadramento. Cabe ressaltar que todas as etapas do enquadramento são de domínio público, publicadas no Diário Oficial do Estado de Mato Grosso.
Somos uma empresa transparente, que atua há mais de 28 anos no Estado de Mato Grosso com seriedade, responsabilidade e, acima de tudo, ética. Acreditamos na nossa justiça, que fará prevalecer o bem e a verdade. Por fim, como sempre, estamos à disposição dos órgãos competentes para eventuais esclarecimentos.
(Atualizada às 18:05h)