O ex-secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Jamil Nadaf, firmou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF). A informação foi confirmada nesta segunda-feira (3), pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda. As informações levadas pelo ex-secretário dos governos Blairo Maggi (PP) e Silval Barbosa (PMDB) aos procuradores não foram reveladas, mas, uma vez que o acordo foi homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, ela contém fatos com a participação de pessoas com prerrogativa de foro por função.
São julgados no âmbito do STF deputados federais, senadores e ministros. No Senado, Mato Grosso conta com três representantes, Cidinho Santos (PR), José Medeiros (PSD) e Welington Fagundes (PR). Santos ocupa o cargo uma vez que Blairo se licenciou do Senado e atualmente comanda o Ministério da Agricultura.
Nadaf, agora na condição de colaborador premiado, será ouvido hoje (4) por Selma durante audiência de instrução do processo relativo à 4ª fase da Operação Sodoma. A ação apura o desvio de mais de R$ 15 milhões, por meio do superfaturamento no processo de desapropriação de uma área localizada no bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá. Como Nadaf, por força do acordo, não pode adotar a chamada “reserva mental”, ou seja, esconder fatos e situações das quais tem conhecimento, a expectativa é que a oitiva resulte em novas revelações.
A reportagem entrou em contato com o advogado de Nadaf, William Khalil, que confirmou a veracidade do acordo, homologado entre os meses de abril e maio deste ano. Desde aquele período, o acordo era especulado pela imprensa, mas negado pela defesa do ex-secretário.
Khalil também confirmou que as declarações prestadas pelo ex-secretário à Procuradoria da República em Mato Grosso envolvem pessoas com foro privilegiado. Pedro Nadaf é réu em diversos processos decorrentes das operações Sodoma e Seven, deflagradas, respectivamente, pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) e pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) e que apuram crimes de corrupção, desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro durante a estão do ex-governador Silval Barbosa, entre 2011 e 2014.
Na primeira fase da Sodoma, por exemplo, ele é acusado e já confessou ter cobrado propina de R$ 2,25 milhões do empresário João Batista Rosa, dono da Tractor Parts, em troca de incentivos fiscais do Programa de Desenvolvimento Econômico, Industrial e Comercial (Prodeic). Ele também confessou ter participado dos esquemas de desvios nas desapropriações de parte do Parque Estadual Águas do Rio Cuiabá, na região do Manso, e do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.